sexta-feira, 12 de setembro de 2025

FORÇA

 A relação humana é, sem dúvida, o grande desafio desses tempos de muitos meios de comunicação. Estamos mais expostos e, creio eu, mais fragilizados. O natural da vida seria a delicadeza, a paciência e o amor ao próximo. Porém, muitas pessoas assumem com naturalidade a aspereza e a arrogância. Sim, há uma violência silenciosa que, muitas vezes, vai se infiltrando no cotidiano. Palavras duras, gestos impacientes, respostas carregadas de arrogância se tornam frequentes e, de tanto repetidas, parecem normais. Mas a verdade é que nada disso deveria ser visto como natural. O ser humano não nasceu para viver em aspereza, nasceu para cultivar ternura, para oferecer afeto, para ser sinal de cuidado em meio às durezas da vida. Quando nos acostumamos à arrogância, perdemos o que temos de mais essencial: a capacidade de reconhecer no outro a mesma dignidade que habita em nós. A delicadeza, por sua vez, não é um luxo reservado a momentos raros, mas um modo de viver que transforma relações, ambientes e até a própria saúde da alma. Pequenos gestos de delicadeza podem quebrar muros erguidos por anos de indiferença. Um olhar compreensivo, uma palavra dita com respeito, uma paciência cultivada no meio da pressa, tudo isso são sinais de que ainda sabemos ser humanos em profundidade. A aspereza endurece, afasta, cria barreiras invisíveis. Já a delicadeza aproxima, constrói confiança e abre espaço para que a vida flua com mais harmonia. O mundo, marcado por tantas urgências e tensões, precisa desesperadamente de pessoas que escolham a suavidade como caminho. Não significa evitar firmeza quando necessário, mas expressá-la sem violência. É possível dizer a verdade sem ferir, corrigir sem humilhar, ensinar sem impor. Essa é a sabedoria da delicadeza, unir firmeza e amor em um mesmo gesto. O amanhecer chega lembrando que, se quisermos um mundo melhor, precisamos reaprender o valor da gentileza no cotidiano. Porque somos, de fato, seres feitos para o cuidado, e sempre que esquecemos disso, nos afastamos do que há de mais belo em nossa natureza. Que não nos acostumemos nunca à dureza, mas insistamos na suavidade que cura e reconcilia.

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