quinta-feira, 24 de dezembro de 2015
MORNO
“Conheço tuas obras, sei que não és frio nem quente. Antes fosses frio ou quente! Assim, porque é morno, e não és quente nem frio, estou a ponto de vomitar-te da minha boca.” (Apocalipse 3.15,16).
As sete cartas do Apocalipse obedecem a um padrão. Em todas Jesus faz saber que conhece perfeitamente sua atuação e suas dificuldades; em todas, menos uma, há um elogio; em todas, menos três, há um reparo em virtude de erros cometidos; em todas, menos duas, há um convite ao arrependimento; e em todas há uma promessa de vitória.
As duas igrejas que não receberam nenhum reparo foram a de Esmirna e a de Filadélfia, nas quais não havia o que condenar. A igreja que não recebeu elogio nem reparo, foi a de Laodicéia, uma igreja que não fazia nada de errado, mas também não fazia nada de realmente útil, era infrutífera, por isso Jesus diz que ela não era fria nem quente, era morna.
Há alimentos e bebidas que devem ser ingeridos na temperatura adequada, quente ou fria, senão causam náuseas. Por exemplo, quem consegue beber um refrigerante morno, ou mesmo água morna? Talvez Jesus tenha usado essa figura também pelo fato de que a cidade de Laodicéia era famosa por suas fontes de águas mornas.
O sentido dessa exortação é que essa igreja tinha se tornado infrutífera em razão de sua autocomplacência, indiferença e acomodação, causadas por autossuficiência espiritual. Autossuficência que vinha do progresso material de seus membros. Como diz Ladd, “Sem dúvida, parte do problema da igreja era a sua incapacidade de distinguir entre prosperidade material e espiritual” (Apocalipse, George Ladd, Ed. Vida Nova, SP, 1980, p.51).
Laodicéia era também uma cidade conhecida por seus bancos, por sua industria têxtil e por sua escola de medicina, que produzia uma famosa pomada para os ouvidos e um conhecido colírio para os olhos. Certamente que a igreja participava dessa riqueza.Por isso, em resposta à sua afirmação de que era rica, tinha prosperado e nada lhe faltava, Jesus lhe diz: “és infeliz, miserável, pobre, cego e nu” (Ap.3.17).
Mas nem tudo estava perdido, porque Jesus não abandonara a igreja; pelo contrário, estava batendo à sua porta, buscando-a (v.20); estava se oferecendo para fornecer-lhe do seu ouro refinado no fogo, de suas roupas brancas e de seu colírio (v.18), a fim de que não fosse mais pobre, cega e nua. Jesus amava aquela igreja e queria transformá-la, mas ela mesma precisava querer isto (v.19). Para que Jesus possa “entrar e cear” conosco, temos que abrir-lhe a porta.
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