sábado, 16 de janeiro de 2016
DINHEIRO
O USO DO DINHEIRO
“E eu vos digo: Granjeai amigos com o mamon da iniqüidade, para que, quando faltardes, eles vos recebam nos
tabernáculos eternos.”
(Lucas 16.9)
1. TENDO terminado a bela parábola do Filho Pródigo, dirigida principalmente aos que murmuravam ante o fato
de o Mestre receber publicanos e pecadores, nosso Senhor acrescenta outra de diferente espécie, endereçada antes
aos filhos de Deus. “Disse a seus discípulos” – não tanto aos escribas e fariseus, a quem havia falado antes: “Havia
um homem rico, que tinha um administrador; e este lhe foi denunciado como esbanjador dos seus bens. Chamou-o
e perguntou-lhe: Que é isto que ouço dizer de ti? dá conta da tua administração, pois já não podes mais ser meu
administrador”, (versículos 1 e 2). Depois de narrar o método de que o administrador infiel se serviu para fazer
provisão destinada ao dia da necessidade, nosso Senhor aduz: “Seu senhor louvou o administrador infiel” neste
sentido: ter ele usado oportunamente de precaução; e ajunta esta notável reflexão: “Os filhos deste mundo são mais
sábios em sua geração do que os filhos da luz”, (versículo 8): os que não buscam outra porção fora deste mundo,
“são mais sábios” (não de modo absoluto, porque são, todos e cada um, Os maiores loucos, os mais ilustres
alucinados que há debaixo dos céus; mas, “em sua geração”, em seu próprio terreno; são mais coerentes consigo
mesmos; são mais fiéis aos principias que abraçam; mais firmemente realizam os seus fins) “do que os filhos da
luz” do que os que vêem “a luz da glória de Deus na face de Jesus Cristo”. Seguem-se então as palavras acima
citadas: “E eu” o Unigênito Filho de Deus, o Criador, Senhor e Possuidor dos céus e da terra e de tudo que neles
há; o Juiz de todos, a quem devemos “dar contas de nossa administração”, quando não mais “pudermos ser seu
administrador”, “digo-vos” – aprendei, neste sentido, mesmo com o despenseiro infiel: “Granjeais amigos” por
sábia, oportuna precaução, “com o mamon da iniqüidade”: “Mamon” quer dizer riquezas, ou dinheiro. É chamado
“o mamon da iniqüidade” em razão da maneira iníqua pela qual a riqueza freqüentemente se adquire, e pelo modo
por que são geralmente empregadas mesmo as riquezas que se adquirem com honestidade. “Granjeai amigos” com
isto, fazendo todo o bem possível, especialmente aos filhos de Deus; “para que, quando faltardes” – quando
voltardes ao pó, quando não mais tiverdes lugar debaixo do sol – os amigos que tiverem partido antes “vos
recebam”, vos dêem as boas-vindas nas “habitações eternas”.
2. Um aspecto excelente da sabedoria cristã é aí inculcado por nosso Senhor a todos os seus seguidores: o uso
correto do dinheiro – assunto de que os homens do mundo falam abundantemente, à sua maneira, mas não é
suficientemente encarado por aqueles a quem Deus escolheu do mundo. Estes, geralmente, não consideram, com a
atenção que o assunto requer, o uso desse ótimo talento. Nem eles sabem como empregá-la para auferir a maior
vantagem; não compreendem que sua Introdução no mundo, é um exemplo admirável da sábia e. graciosa
providência de Deus. Tem sido, na verdade, hábito dos poetas, oradores e filósofos, em quase todas as eras e
nações, ridicularizar o dinheiro, como o grande corruptor do mundo, o flagelo da virtude, a peste da sociedade
humana. Dai, nada mais comum do que ouvirmos:
“Nocens ferrum, ferro que nocencius aurum”:
“E o ouro, mais pernicioso do que o aço temperado.”
Daí a lastimosa queixa:
“Effodiuntur opes, irritamenta malorum”:
“A riqueza é a nutriz, o incentivo de todo mal.”
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