“Quanto a mim, porém, quase me resvalaram os pés; pouco faltou para que se desviassem os meus passos” (Sl 73.2)
Um dia, um experiente pastor após fazer um funeral pensou consigo mesmo “será verdade o que eu falei? Será que a segurança eterna que eu prometi, segundo diz a Bíblia, é confiável?” Esse relato é verídico, pois o próprio autor fez essa confissão em público. No início da minha caminhada cristã, em muitas ocasiões, tive sentimentos parecidos com o desse pastor e algumas vezes a minha fé ficou abalada com muitas dúvidas acerca da bondade de Deus. Não é raro ver esse mesmo tipo de sentimento na vida de muitos irmãos e irmãs hoje em dia, principalmente quando os dias são difíceis.
Não são poucas as pessoas que nutrem uma certa desconfiança em relação a Deus. Contudo, a grande maioria tem dúvidas porque não examinam detalhadamente a Escritura em busca da verdade. Dilemas escondidos no coração podem tomar proporções inimagináveis. O melhor a fazer é levá-los a Deus em oração e trazê-los à luz das Escrituras o quanto antes. Deus não irá te punir porque tem dúvidas. Pelo contrário, Ele irá visitar o seu coração e dissipar suas dúvidas quando, sinceramente, buscá-lo de todo o seu coração.
Foi assim com Tomé quando ele deu voz à sua dúvida. Jesus não o agrediu com o seu azorrague. Antes, foi condescendente e deu-lhe razões para continuar crendo e o coração daquele nosso irmão do passado foi fortalecido e visitado com a graça de nosso Senhor. Em consequência disso, Tomé pôde exclamar “Senhor meu e Deus meu!” (Jo 20.26-29). Deus está interessado em suas dúvidas sinceras e observa o coração de seus servos. Ele não apenas transforma água em vinho, mas sabe transformar corações duvidosos e reticentes em confiantes adoradores.
Às vezes, as dúvidas acontecem porque não estamos vendo o todo, mas apenas uma parte da história e assim, em nossa limitação, julgamos a Deus e o achamos injusto. Em outras ocasiões, as incertezas que tomam o nosso coração são advindas de uma leitura bíblica em textos isolados e desprovidos de uma boa comparação e interpretação à luz da própria Escritura. Como somos imprudentes nesses momentos!
Podemos comparar nossa falta de fé e dúvidas à atitude de uma pessoa que sai de casa para assistir a uma linda orquestra. Quando chega ao local da apresentação, o maestro está trabalhando com os demais músicos a afinação dos instrumentos. Ao olhar aquele pequeno ajuste, a pessoa chega à conclusão de que está tudo errado e será impossível que tudo dê certo e vai embora duvidando da capacidade do regente. Já os que perseveram até o final do espetáculo, apreciam a beleza dos sons em sua plenitude e saem daquela apresentação com o coração grato por ouvir sons tão belíssimos e encantadores.
Existem muitas coisas que não entendemos, pois nossa mente é limitada não somente ao tempo e espaço, mas também às circunstâncias que nos são apresentadas. Não poucas vezes, em nosso míope entendimento, duvidamos da bondade e da fidelidade do Deus eterno. O melhor nesse momento é nos quedarmos aos pés do Senhor e buscar a Sua direção para nossa vida. No Salmo 38.8, Deus fala ao coração do salmista e diz: “Instruir-te-ei e te ensinarei o caminho que deves seguir; e, sob as minhas vistas te darei conselho.”
Quando não souber exatamente o caminho, volte-se para Deus e Ele o instruirá. No momento em que as circunstâncias da vida forem confusas não duvide do amor de Deus (Rm 8.32). Se os vales forem sombrios e a caminhada árida, continue confiando na Redentor (Sl 23.4). Cada vez que as esperanças cessarem, ore, medite na Palavra, não duvide (Sl 28.7). Sempre que não entender a história, pare, olhe para cima, firme-se nas promessas do Deus todo poderoso e verá que Ele conduzirá a história para um fim proveitoso. Não duvide, crê somente!
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