"Entretanto, pouco é necessário ou mesmo uma só coisa; Maria, pois, escolheu a boa parte, e esta não lhe será tirada" Lucas 10:42
A tendência humana de abandonar a simplicidade da vida e cercar-se de elementos inúteis, supérfluos e estridentes, é antiga. Encontrando em nossos dias um ambiente mais propício para se proliferar e, como que em uma reação em cadeia, padroniza pensamentos e comportamentos.
A perda desta simplicidade cobra um alto preço. O pagamento mais imediato é entregue em forma de ansiedade, angústia e descontentamento. Os juros cobrados são abusivos e o saldo final é sempre negativo, levando-nos a entregar muito mais do que havíamos previsto. A hipoteca cobrada é impensável: a alegria, a paz e, por vezes, a própria fé.
A perda da simplicidade leva-nos a perder de vista o essencial da vida. Somos convencidos de que, sem uma certa roupa de marca, aquele carro na porta, um título pendurado na parede ou uma biografia com elementos de sucesso, a nossa vida, de alguma forma, perderá seu significado, fazendo as coisas mais banais ganharem contornos de urgência.
Os bens mais supérfluos tornam-se freneticamente cobiçados. Corre-se atrás de um jogo de sofá novo como se a felicidade dependesse disto. Gasta-se uma boa parcela do salário na roupa tão cobiçada como se os problemas da vida fossem assim resolvidos.
Não apenas bens, posses e peças conspiram para que percamos a simplicidade mas também, assim são os títulos, as realizações e a religiosidade. Jesus não era assim. Valorizava mais os relacionamentos humanos do que o transitório ambiente da vida. Orientava seus passos pelas reais necessidades daqueles que estavam ao seu redor, e não para impressioná-los. Gastava tempo com boas conversas, e sempre se mostrou disponível para as crianças. Mantinha seus olhos abertos para enxergar os excluídos e necessitados, sobretudo os que sofriam. Não se fechava com as críticas e nem se encantava com os elogios. Não se embriagava com as cores do mundo nem com a superficialidade religiosa, mas impactava as multidões por guardar em seu coração os valores do Pai. Sim, priorizava o seu tempo com o Pai, mesmo perante impensáveis demandas e dias agitados.
Em uma visita à casa de Marta e Maria, e perante a agitação de Marta para que todas as coisas estivessem em ordem, Jesus a advertiu dizendo que uma só coisa era necessária. Em meio a uma vida cada vez mais agitada e com demandas crescentes, lembre-se das palavras de Cristo: uma só coisa.
Uma só coisa é o tempo com Cristo, ouvindo seus ensinos, alegrando com a sua presença, adorando o seu nome e submetendo-se à sua vontade. Neste fim de ano, lembre-se: uma só coisa.
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