quinta-feira, 1 de junho de 2023

PRIVACIDADE

 

O que haveria em comum entre Dalila, Ezequias e Cam, filho de Noé? Ambos expuseram publicamente o que deveria ter sido mantido restrito ao campo privado. O erro de Dalila não foi descobrir o segredo de Sansão, mas expô-lo justamente a quem desejava seu mal. E tudo por causa do que lhe fora oferecido pelos filisteus. Seu interesse era maior que seu amor. Mas Sansão, ingênuo, não se apercebeu disso e abriu-lhe o coração.


O erro de Ezequias foi abrir a porta da sua casa para receber quem deveria ter sido mantido fora de lá. Gente que só queria sondar, saber o que se passava lá dentro, para depois, extrair de lá o que bem entendesse. Ezequias se esqueceu do que lhe dissera o Senhor pouco tempo antes: "Põe em ordem a tua casa..." Não se pode abrir a casa para qualquer um, principalmente em tempo de crise. Assim como não se deve expor problemas familiares em redes sociais. É o mesmo que expor nosso mais precioso tesouro, como fez Ezequias. O preço a ser pago é caríssimo. 


O erro de Cam não foi ver a nudez de Noé, seu pai, mas chamar a atenção de todos para ela. Enquanto seus outros dois irmãos procuraram cobrir, compreendendo o momento que seu pai estava passando, Cam não pensou duas vezes. Quem se beneficia de tudo isso são os espectadores, os que querem ver o circo pegar fogo, que não aprenderam a amar, tampouco a reverenciar o terreno sagrado da privacidade alheia. Aplaudem, não a coragem de Dalila, de Cam ou dos embaixadores da Babilônia, mas a exposição e chacota de Sansão, do lar de Ezequias e de Noé. Se quiser saber o fim desta novela, ore. Mas só ore, se souber amar. Afinal, a melhor oração é amar.

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