sábado, 8 de março de 2025

ALIVIA

 

Às vezes, desabafar alivia, mas nem sempre contar para todo mundo resolve. Há dores que só Deus compreende, há fardos que só Ele pode carregar. Reclamar ou buscar respostas em todos os lugares pode apenas aumentar a tempestade dentro de nós. Mas quando nos calamos diante dos homens e falamos com Deus, algo muda. No silêncio do quarto, na simplicidade de uma oração sincera, encontramos descanso. Ele nos escuta, nos entende e, no tempo certo, age. Porque Deus não apenas consola—Ele transforma qualquer cenário e faz acontecer o que parecia impossível...


FIRME

 Âncora segura e firme

A qual [esperança] temos por âncora da alma, segura e firme. Hebreus 6.19


Há duas espécies de otimismo. Uma delas se baseia em coisas superficiais e causa reclamação, apostasia e desânimo. Seria melhor que não existisse. A outra se firma em alicerces fundos e resiste a qualquer situação contrária; encontra seu apoio nas profundezas da revelação e da fé, e é o melhor produtor de perseverança, estabilidade e esperança.


A Bíblia é um livro profundamente realista. E Jesus Cristo também. Não se pode confundir realismo com pessimismo. O pessimista vê as coisas difíceis a priori, exagera e não olha para a fonte de todo bem. O realista enxerga as dificuldades, não é ingênuo, mas não exagera nem perde o contato com Deus e com a Palavra revelada. Acima do caos está o Criador e sustentador do universo. “E esta é a vitória que vence o mundo, a nossa fé” (1Jo 5.4).


A situação da humanidade é cada vez mais grave. Muitos que confiam no avanço da ciência e da tecnologia estão desorientados. A religião é ridicularizada e violentada por inimigos gratuitos e pelo procedimento contraditório dos fiéis. Quem quiser passar por dentro desta densa nuvem que envolve a terra, sem perder o rumo e a esperança, prenda-se à Revelação de Deus e firme-se em Cristo Jesus. Assim poderá ter e manter um otimismo inteligente, firme e sadio. A esperança é a “âncora da alma, segura e firme, e que penetra além do véu [que é a morte], aonde Jesus, como precursor, entrou por nós” (Hb 6.19-20).

PROVANDO

 Provando Deus

Provem, e vejam que o Senhor é bom. – Salmos 34.8


Conhecer a Deus é uma questão de envolvimento pessoal – mente, vontade e emoções. Caso contrário, não seria uma relação plenamente pessoal. Para conhecer outra pessoa, é necessário gastar tempo em sua companhia, envolver-se com seus interesses e estar pronto a se identificar com suas preocupações. Sem isto, seu relacionamento será apenas superficial e sem graça. “Provem, e vejam que o Senhor é bom” diz o salmista. Nós não conhecemos as verdadeiras qualidades de outra pessoa até que tenhamos “saboreado” – experimentado – sua amizade. Os amigos, por assim dizer, comunicam sabores uns com os outros o tempo todo, compartilhando suas opiniões (pense nas pessoas apaixonadas) e tudo o mais que é de interesse comum. À medida que abrem seus corações um ao outro pelo que dizem e fazem, cada um “saboreia” a qualidade do outro, seja tristeza ou alegria. Este é um aspecto essencial do conhecimento que os amigos têm um do outro; e isto também se aplica ao conhecimento que o cristão tem de Deus, visto que é um relacionamento entre amigos.


Para escrever: Deus é bom. Como você tem experimen­tado a bondade de Deus em seu envolvimento com ele?

TEMPO

 Sabedoria para salvar o tempo

Mostra-me, Senhor, o fim da minha vida e o número dos meus dias, para que eu saiba quão frágil sou […] em vão se agita, amontoando riqueza sem saber quem ficará com ela. Mas agora, Senhor, que hei de esperar? Minha esperança está em ti. [Salmos 39.4, 6-7]


Talvez seja este senso de brevidade e fragilidade que explique o anseio insaciável por transcendência e pela busca de significado que encha o coração humano. A agitação febril imposta pela dinâmica de vida nos grandes centros urbanos comprova o senso de vazio na alma.


As coisas mudam muito rapidamente, e o ritmo da mudança cada vez mais ganha velocidade, sempre em nome do dinheiro. A natureza exprime os gemidos de que não suporta as demandas consumistas e urgentes do mundo atual. E, pior ainda, a alma humana emite cada vez mais sinais de que a maneira de viver e interagir com a criação está fora de compasso, na forma de estresse e depressão.


Haveria alguma esperança para esse cenário de deterioração da qualidade de vida? Após considerar as circunstâncias nas quais a existência humana desfocada se desenrola, há a possibilidade de voltar-se para o Senhor e esperar de Deus a direção que dá sentido e significado para a vida?


Há esperança, sim! É possível observar o que se passa e aprender a orar como Moisés: “Ensina-nos a contar os nossos dias para que o nosso coração alcance sabedoria” (Sl 90.12).


A sabedoria bíblica é prática. Sabedoria é ver a vida (a existência em todos os seus aspectos) do ponto de vista de Deus, com os olhos de Deus. A sabedoria responde à pergunta sobre o alvo de Deus para todas as dimensões da existência humana. Mais do que respostas certas na mente, cultivar valores certos na alma!


Deus, tu sabes que muitas vezes tenho investido esforços e recursos em situações que não levam a nada. Ensina-me a viver de maneira simples. Ajuda-me a ter uma vida que agrade a ti. Concede-me saúde integral e abundância de sentido para uma plena e verdadeira existência. Amém.

CANSAÇO

 Cansaço

Cansei-me de pedir socorro; minha garganta se abrasa. (Sl 69.3)


Estamos cansados. Cansados de ouvir os reclamos da carne. Cansados de dizer não aos reclamos da carne. Cansados de tomar cuidado com nós mesmos e com a doutrina. Cansados de semear muito e colher pouco. Can­sados de nos precaver da inveja, da competição, do ódio, da vingança, das altercações sem fim, do rancor, da soberba. Cansados de ver casamentos desfeitos, crianças infelizes, adolescentes grávidas e jovens dependen­tes de droga. Cansados da violência urbana, das guerras e dos rumores de guerra. Cansados da injustiça social, da fome, da doença e da morte. Cansados de chorar e de ver os outros chorarem. Cansados de esperar a volta de Jesus Cristo em poder e muita glória. Cansados da esperança.


O salmista também está cansado: “Cansei-me de pedir socorro; minha garganta se abrasa. Meus olhos fraquejam de tanto esperar pelo meu Deus” (Sl 69.3).


Ao mesmo tempo que se declara cansado, o salmista diz onde encontra descanso: “A minha alma descansa somente em Deus; dele vem a minha salvação” (Sl 62.1). Quando a canseira volta, ele insiste: “Des­canse somente em Deus, ó minha alma; dele vem a minha esperança” (Sl 62.5). Esse seu cuidadoso lidar com o cansaço próprio dá-lhe o direito e a autoridade de aconselhar ao cansado de ontem e de hoje: “Descanse no Senhor e aguarde por ele com paciência” (Sl 37.7).


O descanso tem de ser somente em Deus porque é ele quem “fortalece o cansado e dá grande vigor ao que está sem forças” (Is 40.29).

DESCARGA

 Carga e descarga

Levantou-se Ana e, com amargura de alma, orou ao Senhor, e chorou abundantemente. 1 Samuel 1.10


A oração é carga e descarga. A pessoa que ora aprende a descarregar diante de Deus uma porção de coisas inúteis e exaustivas. Ela deixa que o temor, a ansiedade, a aflição, o desânimo e a confusão saiam de sua mente. Bem-estar e leveza enchem seu coração. Quando a pessoa peca, a oração também ajuda a livrá-la desta carga tão incômoda.


Os nervos de Ana não aguentavam mais por causa do ciúme e das provocações de Penina. Mas, diante do Senhor, ela abriu a alma. Contou-lhe tudo. Derramou seu excesso de ansiedade e aflição. Deixou os problemas nas mãos dele (1Sm 1.1-18). Isso é descarga.


Na prece fervorosa, outras coisas tomam o lugar daquilo que saiu. A mente fica cheia outra vez. A carga, porém, é bagagem útil, agra­dável, leve. A pessoa que ora recebe uma ração que a sustentará por muitos dias. Ela se levantará de seus joelhos transportando para a vida energia, coragem, resignação, paz de espírito, sensação de segurança. O encontro com Deus é real e não deixa de alterar a situação e a conduta. A oração permite à pessoa receber a influência de Deus. O semblante de Ana já não era triste ao sair do templo e ir para casa, onde encontraria a mesma Penina. Isso é carga.


O ser humano tem liberdade e possibilidade de estacionar em qual­quer lugar e em qualquer tempo para a “operação carga e descarga” da oração. Não é apenas uma questão de poder: é uma exigência da vida.

CASA

 O dono da casa

Se tudo que temos de Cristo serve apenas para alguns poucos anos de vida, coitados de nós. (1Co 15.19)


A nossa esperança em Cristo tem de incluir escatologia, os fatos previstos para tempos ou épocas que ainda não chegaram. Há muita gente que perdeu o entusiasmo, que não entende mais nada, que está prestes a naufragar na fé simplesmente porque se negou a tomar conhecimento das coisas que devem acontecer. O enredo só se completa com os últimos capítulos. A escultura só tem valor com os retoques finais.


Perdeu-se a noção de que “ao Senhor pertence a terra e tudo o que nela se contém, o mundo e os que nele habitam” (Sl 24.1). Em consequência, tem-se a impressão de que isto aqui é terra de ninguém. Esqueceu-se gradativamente de que o homem é mordomo e Deus é proprietário. Não se crê no direito de posse, numa autoridade superior, na possibilidade e necessidade de uma intervenção da parte do dono da casa ou dono da vinha, expressões bíblicas que se referem a Jesus Cristo (Mc 12.9; 13.35).


É da vontade de Deus que os cristãos guardem “a bendita esperança e a manifestação da glória do nosso grande Deus e Salvador Jesus Cristo” (Tt 1.13). A promessa é que “Cristo, tendo-se oferecido uma vez para sempre para tirar os pecados de muitos, aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que o aguardam para salvação” (Hb 9.28). Afinal, ele é o dono da casa e a casa está em tal balbúrdia que exige sua presença. “Vigiai, pois, porque não sabeis quando virá o dono da casa: se à tarde, se à meia-noite, se ao cantar do galo, se pela manhã” (Mc 12.35).

ALIVIA

  Às vezes, desabafar alivia, mas nem sempre contar para todo mundo resolve. Há dores que só Deus compreende, há fardos que só Ele pode carr...