As questões afetivas merecem uma atenção especial. Ao invés de concretizar a felicidade acabamos aumentando o sofrimento. Vejo tanta gente sofrendo por escolhas mal feitas, por palavras desnecessárias e por gestos nada afáveis. Acontece, que o amor não floresce na leveza irresponsável de quem aparece e some, de quem promete sem entregar, de quem desfruta do calor sem cuidar do fogo que o mantém aceso. Afeto não se alimenta de migalhas emocionais, porque exige presença, constância, verdade. Quando oferecemos sentimentos que não pretendemos sustentar, criamos vazios no outro e feridas em nós mesmos. O amor pede chão, pede firmeza, pede coerência entre o que se diz e o que se faz. A alma percebe quando está sendo acolhida e quando está sendo apenas distraída. Há quem busque companhia para preencher silêncios, mas amor não é isso; amor é escolha que se renova, é entrega que não se perde na pressa, é compromisso com a construção diária. Criar raízes é permitir que o tempo trabalhe, que a confiança amadureça, que a delicadeza se torne hábito. Exige maturidade para não brincar com sentimentos, exige responsabilidade para não invadir o coração de alguém sem a intenção de permanecer. O amor não cabe em quem o trata como objeto, algo que se pega e se larga ao sabor das vontades. Ele pede profundidade. Ele pede cuidado. Ele pede direção. Quando há objetivo, o afeto cresce com segurança; quando não há, tudo se torna frágil demais. A vida se transforma quando entendemos que amor não é consumo; é construção. E construção exige tijolos de verdade, não ilusões embaladas em palavras bonitas. Ao respeitar o próprio sentir e o sentir do outro, preservamos aquilo que é sagrado dentro de nós. A maturidade emocional nasce quando compreendemos que não devemos permanecer onde não pretendemos criar raiz e não devemos convidar alguém a ficar onde não estamos dispostos a acolher. É nesse respeito que a vida afetiva encontra sua forma mais bonita: sincera, tranquila, com raízes que sustentam e asas que libertam.
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