quinta-feira, 12 de maio de 2016
VIDA LIMPA
Errar é um ato de coragem. Decidimos fazer errado por causa dos benefícios que imaginamos recolher.
Errar pode ser também um ato de covardia. Decidimos fazer errado porque, diante da pressão recebida, cedemos e seguimos a onda nunca antes por nós tomada.
Errar pode ser ainda um ato de irresponsabilidade, quando nos sentimos protegidos pela percepção de que não estamos sozinhos em nossa delinquência.
Erramos quando nos corrompemos a nós mesmos e fazemos o que querem que façamos.
Erramos quando corrompemos os outros, que passam a conjugar os verbos segundo os nossos valores.
A corrupção pode ser pessoal ou empresarial, privada ou pública.
Quando nossa consciência arde ou somos flagrados no erro, encontramos subterfúgios para apaziguar nossa alma e continuar errando. Uma empresa ou um partido político pode não ter almas, mas têm corpos. São suas mentes, pés e braços -- homens e mulheres que não trabalham de graça -- que assaltam, conluiam, desviam, furtam, mentem, superfaturam. A corrupção é de carne e osso mas é também uma marca e uma história.
Seremos verdadeiramente corajosos, quando, tendo errado -- seja na área dos relacionamentos pessoais, seja no território dos negócios, pequenos, médios ou grandes -- tomamos a palavra e nos dirigimos a quem defraudamos e pedimos perdão.
Pedir perdão implica na coragem da vergonha. É como se, tendo furtado uma carteira, disséssemos ao seu dono que a pegamos. Não passaríamos vergonha se a enviássemos pelo correio ou a deixássemos nos "perdidos e achados".
Quando agimos com esta dolorida coragem, estamos também prontos a dar o custoso passo seguinte, que é reparar o dano que causamos.
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