quinta-feira, 1 de setembro de 2016

VISÃO

"Tudo o que nos irrita nos outros pode nos levar a um entendimento de nós mesmos". "O olho que tudo vê a si não vê". Eis o escreveu um pensador. A observação, feita pelo filósofo austríaco Ludwig Wittgenstein (1889-1951), nos dá conta de uma realidade e nos aponta para um ideal. Quanto à realidade, é mesmo muito difícil nos vermos a nós mesmos. É muito difícil perceber nossos defeitos de caráter, embora sejamos precisos em destacar os dos outros. É muito difícil reconhecer que somos egoístas. É muito difícil ter a consciência de como gastamos nosso tempo, nosso dinheiro e nosso talento, nem sempre bem. É muito difícil enxergar a nossa incompetência para fazer as coisas, ou por falta de aptidão ou mesmo por falta de dedicação e disciplina. É muito difícil confessar que, diferentemente do que supomos, somos ríspidos e grosseiros, indiferentes e desinteressados em relação ao outro. É muito difícil admitir que, muitas vezes, somos cruéis até com aqueles a quem amamos. É muito difícil aceitar que somos capazes de ser golpistas, manipuladores e interesseiros nos relacionamentos que travamos. É muito difícil notar nossos gestos como sendo contraditórias manifestações de insegurança extrema e extrema carência de aceitação e aprovação por parte do outro. Quase sempre nós nos achamos como portadores de mais virtudes do que defeitos, altruístas, generosos, competentes, dedicados, disciplinados, objetivos, seguros, afetuosos e bondosos. Chegamos a conceber que o mundo (tanto o grande mundo quanto o pequeno, formado por nossos familiares, amigos e colegas) seria muito melhor se houvesse mais gente como nós nele. E enquanto não vemos o que somos, continuaremos sendo o que imaginamos ser, com danos para nós e danos para os outros.

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