CASAL

"É por isso que o homem deixa o seu pai e a sua mãe para se unir a sua mulher, e os dois se tornam uma só pessoas" (Gn 2:24). Um lar construído sobre a rocha deve observar alguns princípios de relacionamento, pois ele é fundamentado a partir de duas pessoas estranhas que fizeram um pacto de viver juntas até que a morte as separe – e realizar esse compromisso, ao longo da vida em comum, exige um ajuste contínuo. Como esperar que duas personalidades distintas – cada um com uma história de vida desconhecida para o outro – possam ter alguma chance de ajustamento para convivência no casamento? As alternativas oferecidas pela sociedade moderna para fundamentar um relacionamento conjugal – com suas muitas válvulas de escape – certamente não contemplam uma base sólida sobre a qual um casamento possa ser edificado. Ao contrário, ao menor sinal de que uma das "partes" não está tendo os seus "direitos" supridos, ela reivindica algum tipo de reparação ou indenização emocional da outra pessoa. A necessidade de tantas cláusulas de garantia, para o que deveria ser uma "construção a dois", contamina com insegurança o relacionamento a ser desenvolvido entre as duas partes. O que deveria ser um relacionamento – um processo de ajuste – torna-se, imediatamente, uma agressão entre dois estranhos que trombassem por acaso no meio da rua: insultos, acusações, ameaças, palavreado forte. Entretanto, não é essa, certamente, a intenção dos dois "pombinhos apaixonados", quando trocam juras de amor na cerimônia nupcial. Naquele momento, tudo parece perfeito, eterno, duradouro... até que as brigas os separem. O que aconteceu de errado? O que deixou de acontecer? Qual a falha básica? Continuo amanhã.