sábado, 1 de outubro de 2016

AS REGRAS

"É o caráter que nos tira da cama, o compromisso que nos leva a agir e a disciplina que nos capacita a seguir em frente". Num mundo ideal, não há regras. Ou melhor, para muitas pessoas, num mundo ideal cada um de nós faz as regras. Quando chegamos ao mundo, pensamos que a história teve início quando nela desembarcamos. Crescemos quando percebemos que precisamos dividir as coisas. É dura a descoberta que não é o mundo que precisa se adaptar a nós, mas nós a ele. Há horários para as aulas começarem. Há notas pelos desempenhos, que aprovam ou reprovam. Há ingressos precificados, que permitem o acesso a certos lugares. Há protocolos que precisam ser assinados. Há respostas que precisam ser dadas. Há hierarquias que demarcam a posição do corpo e a altura da voz. Os sinais de trânsito têm cores que regulam o direito e o privilégio de ir e vir. Há papéis a serem desempenhados, nos quais os pais devem ser obedecidos, os professores devem ser respeitados, os mais velhos devem ser ouvidos, as crianças devem ser protegidas, os desconhecidos devem ser cumprimentados, os compromissos devem ser honrados, as punições devem ser cumpridas e as datas de pagamentos, exames e eventos devem ser atendidas. A avaliação das regras não deve ser conduzida pelo desejo nascido da conveniência própria, como a dificuldade em cumprir regulamentos, mas da convicção de que podem ser melhores. Ser maduro não é desejar acabar com todas as regras, simplesmente porque sem elas viver seria insuportável, coisa que descobrimos com a simples falta de um sinal de trânsito, mas seguir as boas, que são as que atendem ao bem comum, e lutar coletivamente contra as que atentam contra a dignidade humana.

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