terça-feira, 28 de fevereiro de 2017
SEDE
Estou com sede! (João 19.28).
Parecia um simples pedido de água, como já havia sido feito, anteriormente, junto ao poço samaritano. Contudo, o significado é muito maior. Aquele que é a fonte da água da vida (Jo 4.14, 7.38-39) decidiu ter sede para identificar-se com nossas necessidades em todas as dimensões.
Jesus sentiu sede física.
O couro cabeludo descama, cabelos começam a cair, distúrbios de concentração, memória e raciocínio intensificam, a circulação sanguínea desacelera, ressecam os olhos dificultando seu piscar e as vias aéreas comprometendo a respiração, dando a sensação de falta de ar, de afogamento a seco, intestinos endurecem provocando sangramentos. Esses são alguns dos sintomas da profunda desidratação que o fez clamar: estou com sede! Em resposta, deram vinho misturado com fel para Jesus beber. Mas, depois que o provou, ele não quis beber (Mt 27.34 - NTLH). Recusou bebida entorpecente pois decidiu permanecer consciente. Cumpriu-se integralmente a profecia: na minha sede me deram a beber vinagre (Sl 69.21). Isso mesmo, o quadro da cruz já havia sido pintado profeticamente mil anos antes de acontecer, confirmando sua soberania na regência da história: Secou-se o meu vigor; como um caco de barro, e a língua se me apega ao céu da boca; assim, me deitas no pó da morte (Sl 22.15). Jesus sabe o que é sofrer fisicamente! Não há sofrimento físico que ele não se sensibilize.
Jesus sentiu sede emocional.
Jesus sempre soube que a sede no corpo é uma figura de linguagem para a sede que todos temos em nosso universo emocional. Quando havia abordado a mulher samaritana, logo tinha identificado que sua sede estava traduzida nos cinco maridos que tivera antes daquele atual relacionamento (Jo 4.18). Seus amigos o traíram, negaram e fugiram quando mais precisou deles. As autoridades religiosas, que deveriam abençoar e proteger, corromperam falsos testemunhos e maquinaram mal. Aquele povo que tinha sido tão abençoado com as palavras, curas, milagres e maravilhas, gritavam escarnecendo: crucifica-o! Jesus sabe o que é sofrer emocionalmente. Não há sofrimento na alma que ele não sinta piedade.
Jesus sentiu sede espiritual.
Seu maior sofrimento foi o fato de que se tornou pecado (2 Co 5.21) e maldição por nós (Gl 3.13), tomando sobre si as nossas dores, sendo traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades, recebendo sobre si a iniquidade de nós todos (Is 53.4-6). Estava com sede da comunhão eterna com o Pai, da intimidade profunda com o Espírito. A separação do Pai é a fonte de todas as sedes. Sem Deus no coração, jamais seremos satisfeitos, saudáveis, felizes. Jesus sentiu a sede que o salmista cantou: como suspira a corça pelas correntes das águas, assim, por ti, ó Deus, suspira a minha alma. A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo; quando irei e me verei perante a face de Deus? (Sl 42.1-2). Ó Deus, tu és o meu Deus forte; eu te busco ansiosamente; a minha alma tem sede de ti; meu corpo te almeja, como terra árida, exausta, sem água (Sl 63.1). Estou cansado de clamar, secou-se-me a garganta; os meus olhos desfalecem de tanto esperar por meu Deus (Sl 69.3). Jesus sabe o que é sofrer a separação espiritual do Pai. Não há sofrimento espiritual que ele não tenha profunda compaixão.
Porque sofreu, aproximou-se dos que sofrem.
Porque sofreu, sabe do nosso sofrer. Porque sofreu, qualificou-se como nosso sumo sacerdote. Porque sofreu, deixou evidente o quanto é confiável. Em Jesus não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas, mas sim alguém que, como nós, passou por todo tipo de tentação, porém, sem pecado. Assim, aproximemo-nos do trono da graça com toda a confiança, a fim de recebermos misericórdia e encontrarmos graça que nos ajude no momento da necessidade (Hb 4.15-16 - NVI). Não importa a natureza e intensidade de sua sede, lembre-se: porque Jesus sofreu sede, sabe como matar a nossa sede.
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