Inicio com vocês alguns dias de reflexão bíblica na segunda carta do apóstolo Paulo a Timóteo. Minha oração é que sejam dias de edificação, fortalecimento da fé e renovação da esperança em Cristo Jesus.
Ao escrever essa segunda carta a Timóteo, Paulo o faz com quatro diferenciais. O primeiro é o lugar. Ele se encontrava em uma prisão na cidade de Roma. Segundo Eusébio, do século 4, tratava-se de um lugar sombrio, um calabouço escuro com apenas um buraco no teto para entrada de luz e de ar. Foi dali que Paulo escreveu essa carta, que se tornou uma das mais impactantes para o povo de Deus em todas as gerações.
O segundo diferencial é o destino. Ele sabia que iria morrer em breve, o que fala duas vezes de forma clara nessa carta. Ele, porém, não escreve suas últimas linhas para as igrejas ou líderes, mas para um discípulo amado, Timóteo, a quem encontrou na cidade de Listra, o qual se tornou uma mistura de filho na fé e companheiro de ministério.
O terceiro diferencial é a abordagem. Escrevendo a Timóteo, que estava começando a vida e o trabalho, Paulo não fala do início, mas do fim. Ele ensina Timóteo como terminar sua vida e seu trabalho, para que haja paz no coração e seja Cristo exaltado.
O quarto diferencial é o conteúdo. Surpreendentemente, Paulo não escreve uma carta amargurada, com queixas e reclamações. Ao contrário, mesmo em uma masmorra romana vivendo seus últimos dias de forma solitária e com muitas necessidades, ele escreve uma carta cheia de alegria, esperança e paz.
Assim, no capítulo 1, Paulo se apresenta como “apóstolo de Cristo Jesus, pela vontade de Deus, de conformidade com a promessa da vida que está em Cristo Jesus” (v.1). Ele está consciente que o seu chamado, tanto para a salvação, quanto para o ministério apostólico veio de Deus e depende de Deus. O que lhe dá forças para continuar não é a sua capacidade humana, mas a “promessa da vida que está em Cristo Jesus”. Jesus é real e a vida com Cristo é real. Ela precisa ser experimentada e proclamada. Essa é a convicção que move os seus passos.
A carta é endereçada especialmente a Timóteo, que é um “amado filho”, e a quem Paulo deseja “graça, misericórdia e paz, da parte de Deus Pai e de Cristo Jesus, nosso Senhor” (v.2). Essa é uma carta amorosa a um filho querido, a quem ele deseja aquilo que não pode ser corrompido pelo mundo ou roubado por ladrões: a graça, a misericórdia e a paz de Deus.
Vivemos dias em que somos levados a encher nossas mentes e corações daquilo que brilha ao redor, mas não tem muito valor. São bens passageiros, sucessos temporários e relacionamentos superficiais. Tudo parece ter um brilho espetacular, mas logo se vai. O apóstolo Paulo nos lembra, porém, que o mais importante é aquilo que vem de Deus, sendo dado e mantido pelo próprio Deus: “graça, misericórdia e paz”.
Invista no que é eterno. Abra os seus olhos para aquilo que vale mais do que o ouro, e não pode ser roubado por ladrões!
O brilho dos bens passageiros não se compara ao brilho da eternidade com Cristo, recebida por sua graça. Os aplausos pelo temporário sucesso em nada se comparam com a vida diária com Deus, fruto da sua misericórdia. E os relacionamentos superficiais fazem apenas sombra perante o esplendor do eterno relacionamento com o Pai, que nos dá a verdadeira paz. Abrace o seu tesouro mais precioso: graça, misericórdia e paz, em Cristo Jesus.
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