quinta-feira, 9 de abril de 2015
O INIMIGO DENTRO DE NÓS
Sabemos porque fazemos o mal. Na verdade, nós justificamos sua prática, como um recurso para fugirmos à admissão da inadmissível ideia de que somos maus. Na verdade, para fazer o mal não precisamos empreender esforço algum. É, digamos assim, natural em nós.
Para falar bem do outro, precisamos estabelecer o bem-dizer como uma meta.
Para deixar um vício que dizemos abominar, precisamos de um desejo profundo, uma decisão radical e uma disciplina de caserna.
Para parar de odiar um ofensor, precisamos nos negar a nós mesmos, em nossa pretensão por vingança, a que damos o eufemístico nome de justiça.
Para ajudar o próximo, precisamos pensar no prêmio, seja o aplauso dos homens ou o sorriso de Deus.
E quando ajudamos o próximo, que é a melhor coisa que fazemos, o mal pode estar presente. Para ajudar o outro, dizemos a nós mesmos que lhe somos superiores e nos divertimos. Para ajudar o outro, reduzimos o outro a um número em nossas estatísticas. Para ajudar o outro, esperamos que ele se humilhe em seu pedido de socorro. Para ajudar o outro, pisamos nos outros.
O mal, portanto, superintende as nossas motivações.
São as nossas motivações que precisamos vigiar. Esta constante vigilância nos fortalece no périplo de começar bem e continuar bem, ao nos ajudar o ver no espelho quem somos nós. Sem esta percepção, a humildade se torna um disfarce, a disponibilidade se transforma numa máscara, a bondade busca o reconhecimento, o amor se alimenta do resultado obtido.
Felizmente podemos superintender as nossas motivações.
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