Existem lugares para onde eu nunca mais voltarei...
Na maioria das vezes, a gente tem que quebrar a cara para aprender as lições sobre as pessoas, as atitudes, os comportamentos, sobre quem merece ou não o nosso melhor...
Temos a mania de achar que algumas pessoas são melhores do que, na verdade, são...
Investimos tempo e sentimento onde nada mais há do que vazio, deserto e escuridão...
E a dor vem...
E o ensinamento vem junto...
Acumulamos deceções demais ao longo de nossa jornada, lágrimas, dores e solidão...
Não conseguimos alcançar todos os nossos sonhos, manter somente relacionamentos saudáveis, nutrir apenas sentimentos reconfortantes...
E as contrapartidas dolorosas nos arrebatam sem piedade...
É assim com todo mundo... Ninguém acerta o tempo todo...
A questão é o que fazer com o que vem derrubando, com quem fere e machuca a nossa alma...
A dificuldade acontece porque, quando estamos feridos e dececionados, ficamos enfraquecidos, sem forças para analisar aquilo tudo de uma forma que nos leve a prosseguir e a vislumbrar as possibilidades que continuam ali na nossa frente...
Permanecemos muito tempo agarrados às ilusões de que o que não era para ter sido teria que ter sido, de que não conseguiremos nada melhor, de que nada mais fará sentido...
Esquecemos a sistemática da vida, que sempre nos permite recomeçar, que sempre nos permite amanhecer...
Por isso, temos que nos forçar, quando houver escuridão, a olhar além de nós, a sair de dentro da gente, e tentar enxergar lá fora...
É lá que está a cura...
É lá que estão os horizontes...
É lá que teremos respostas...
Para sair da dor, temos que sair do lado de dentro...
Temos que conseguir perceber tudo o que nos espera, tudo o que poderá nos abraçar e nos confortar...
Lá fora...
É assim que a gente se fortalece...
Foi assim que eu sempre consegui me desvencilhar do que me feria...
Não é fácil, mas é possível...
Existem lugares para onde eu nunca mais voltarei...
Existem pessoas com quem nunca mais conversarei...
Existem atitudes que nunca mais permitirei...
Essas poucas certezas já me confortam...
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