A iniciativa de Deus na salvação do homem
A razão pela qual não tomamos a iniciativa de nos aproximar de Deus, nem cooperamos com a graça regeneradora antes que ela opere em nós, é porque simplesmente não temos essa capacidade. Estamos espiritualmente mortos e, por isso, somos incapazes de colaborar com o Espírito Santo na vivificação de nossas almas. Assim como Lázaro não poderia auxiliar Jesus em sua própria ressurreição, também não podemos contribuir para o processo de nossa ressurreição espiritual.
Aprendemos na Bíblia que:
"Nós o amamos a ele porque ele nos amou primeiro."
1 João 4:19
"E vos vivificou, estando vós mortos em ofensas e pecados,"
Efésios 2:1
"Não há um justo, nem um sequer.
Não há ninguém que entenda; Não há ninguém que busque a Deus.
Todos se extraviaram, e juntamente se fizeram inúteis. Não há quem faça o bem, não há nem um só."
Romanos 3:10-12
Essas passagens revelam que, sem a ação inicial de Deus, permaneceríamos afastados dEle. A nova aliança, estabelecida pelo sangue de Cristo, reforça essa verdade. Em Jeremias, Deus anuncia:
"Eis aí vêm dias, diz o SENHOR, em que firmarei nova aliança com a casa de Israel e com a casa de Judá. Não conforme a aliança que fiz com seus pais, no dia em que os tomei pela mão, para os tirar da terra do Egito; porquanto eles anularam a minha aliança, não obstante eu os haver desposado, diz o SENHOR. Porque esta é a aliança que firmarei com a casa de Israel, depois daqueles dias, diz o SENHOR: Na mente, lhes imprimirei as minhas leis, também no coração lhas inscreverei... Perdoarei as suas iniquidades e dos seus pecados jamais me lembrarei." (Jr 31.31-34)
Uma diferença fundamental entre a nova aliança prometida e a velha aliança feita "com seus pais" é que estes quebraram a velha aliança, mas na nova aliança Deus imprimirá neles a lei e a inscreverá no seu coração, para que as condições da aliança sejam garantidas pela iniciativa soberana de Deus. A nova aliança não será quebrada. Isso é parte do propósito de Deus. Ela faz reivindicações dos participantes da aliança, e as garante e preserva.
Deus torna este fato ainda mais claro no capítulo seguinte de Jeremias:
"Dar-lhes-ei um só coração e um só caminho, para que me temam todos os dias, para seu bem e bem de seus filhos. Farei com eles aliança eterna, segundo a qual não deixarei de lhes fazer o bem; e porei o meu temor no seu coração, para que nunca se apartem de mim. Alegrar-me-ei por causa deles e lhes farei bem." (Jr 32.39-41)
Deus faz, pelo menos, seis promessas neste texto:
1) farei com eles uma aliança eterna;
2) eu lhes darei o tipo de coração que garante temerem a mim para sempre;
3) nunca deixarei de lhes fazer o bem;
4) porei o temor a mim no seu coração;
5) não deixarei que se apartem de mim;
6) eu me alegrarei e em lhes fazer o bem.
Aqui torna-se ainda mais claro do que em Jeremias 31 o fato de que Deus está tomando a iniciativa soberana para garantir que a nova aliança seja bem sucedida. Deus não deixará no poder da vontade humana caída obter e o preservar a sua permanência na nova aliança. Ele dará um novo coração, um coração que teme o Senhor. Será decisivamente uma obra de Deus e não do homem. E Deus agirá nesta aliança para que "nunca se apartem de mim" (Jr 32.40). John Owen comentou em seu clássico livro a Morte de Cristo: "Esta é, então, uma das principais diferenças entre as duas alianças – aquela que o Senhor fez no passado apenas exigia a condição; agora, na nova aliança, ele também a realiza em todos os participantes, aos quais esta aliança é estendida".
Ezequiel profetizou da mesma maneira: Deus tomará a iniciativa e dará um novo coração e um novo espírito:
"Dar-lhes-ei um só coração, espírito novo porei dentro deles; tirarei da sua carne o coração de pedra e lhes darei coração de carne." (Ez 11.19)
"Dar-vos-ei coração novo e porei dentro de vós espírito novo; tirarei de vós o coração de pedra e vos darei coração de carne. Porei dentro de vós o meu Espírito e farei que andeis nos meus estatutos, guardeis os meus juízos e os observeis." (Ez 36.26-27)
Não parte do homem a iniciativa de sua salvação (senão seria por mérito, não pela Graça), pois sua condição é a de um cadáver espiritual. Portanto, é Deus quem começa a obra (Filipenses 1.6) em nossos vidas conforme lemos em Efésios 2:5: "estando nós ainda mortos em nossos delitos, nos vivificou juntamente com Cristo (pela graça sois salvos)." Aqui Paulo localiza o tempo em que a regeneração ocorre: "quando estávamos ainda mortos". Com essa única revelação apostólica, todas as tentativas de atribuir a iniciativa da regeneração ao homem são completamente anuladas.
Novamente, homens mortos não cooperam com a graça. A menos que a regeneração ocorra primeiro, não há possibilidade de fé. E Isso não diz nada de diferente do que Jesus disse a Nicodemus: “A menos que alguém nasça de novo, não pode ver o reino de Deus” (João 3:3).
Se nós cremos que a fé precede a regeneração, e portanto é o homem que toma a iniciativa para consumar sua salvação, então nos colocamos nós mesmos em direta oposição ao ensino de Paulo e do nosso próprio Senhor Jesus Cristo.
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