A construção de um jeito próprio de ser é uma das buscas mais autênticas do ser humano. O compromisso com a veracidade pode agregar brilho e distinção, basta querer. No entanto, o grande desafio é o relacionamento humano. Desde o mais letrado até aquele que teve pouco acesso à escrita, uma tentação parece brotar do nada: o julgamento. Não é por nada que o Livro Sagrado insiste em não ceder à tentação de julgar. Muitas vezes, nos ocupamos demais com a aparência dos outros e pouco fazemos por nós mesmos. Sim, o olhar apressado nos engana. Temos o hábito de interpretar situações com base em fragmentos, esquecendo que cada pessoa carrega suas razões, suas dores, suas batalhas invisíveis. Uma palavra dita sem entusiasmo pode não ser desinteresse, mas cansaço. Um silêncio prolongado pode não significar indiferença, mas um coração sobrecarregado de pensamentos. Mas, em vez de perguntar, tentamos adivinhar. Em vez de compreender, tiramos conclusões. A verdade precisa de tempo para se revelar. Nem sempre aquilo que vemos de imediato é o que realmente acontece. Muitas histórias já foram interrompidas por julgamentos precipitados, muitas relações foram desgastadas porque alguém decidiu interpretar sem antes ouvir. Se houvesse mais paciência para entender, menos laços seriam rompidos. A maturidade nos ensina a desacelerar antes de julgar. Esperar antes de concluir, observar antes de reagir. Quando damos tempo ao tempo, percebemos que a maioria dos mal-entendidos poderia ser evitada se, antes de deduzir, tivéssemos escolhido perguntar. Nenhuma verdade se sustenta sem paciência, e nenhuma relação se fortalece sem compreensão. Que possamos aprender a enxergar além das aparências, sem a pressa de rotular, mas com a disposição de entender. Porque, no fim, a verdade sempre se mostra, e os olhos que sabem esperar enxergam muito além das primeiras impressões.
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