terça-feira, 3 de outubro de 2023

SENTIR

   Os nossos dias, nos últimos tempos, deixaram de ser rotineiros. Estamos imersos na transversalidade das reflexões, dos contextos, dos fatos e das percepções. O movimento é intenso e os bastidores estão sempre repletos de interpretações e de perspectivas. O achismo é fluente, sem contar que o radicalismo há tempo está no pódio. Na verdade entre o fato e a sua narração pode existir uma distância quilométrica. Os fatos sempre serão fatos, mas a nossa visão sobre eles pode multiplicar a alegria, como pode acentuar a tristeza. Somos seres imbuídos de emoção, que precisa de uma linha de raciocínio, para não cair num abismo. É um mundo de gente entendendo de um jeito ou de outro e, na hora da narração do ocorrido, intensificamos ou não os sentimentos. Quase sempre não são os fatos que causam o maior sofrimento, mas a visão que temos sobre eles. Claro, me refiro aos fatos ocorridos distantes dos olhos e sem evidências concretas. Andamos excessivamente próximos do sofrimento, inclusive sofremos por muitos que nem conhecemos. A sensibilidade tem nos machucado, quando os fatos envolvem tragédias de todos os tipos. Tentamos ser fortes, mas nem sempre conseguimos. Até um tempo atrás, as notícias não eram tão rápidas e nem tão envolventes. Atualmente, a emoção acompanha os fatos e tocam nosso coração, que chora por qualquer coisa. A sensibilidade nos humaniza, mas pode nos fazer sofrer mais do que o necessário. Torço para que todos tenham a esperança como companheira, pois com ela a vida não estaciona no meio fio da calçada. Quando os fatos são narrados, dependendo do locutor, é importante não deixar a emoção mascarar a realidade. Sentir é normal, é a condição da nossa existência. A intensidade do sentir precisar de uma adequação, a partir da razão. Viver é um aprendizado diário, um jeito dinâmico de existir. Que a razão e a emoção caminhem paralelamente, sem tendência ou preferências. Viver é muito bom. 

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