quarta-feira, 29 de julho de 2015
Os casos de intolerância religiosa atribuídos a evangélicos nas últimas semanas acendeu um debate na sociedade brasileira sobre qual é o ensinamento que as igrejas estão transmitindo em seus cultos. O pastor Ed René Kivitz, 51 anos, afirmou que o momento é de “muita preocupação”.
Pastor titular da Igreja Batista de Água Branca (IBAB) em São Paulo, Kivitz é teólogo e mestre em Ciências da Religião pela Universidade Metodista, além de integrante do movimento Missão Integral, que prega “o Evangelho todo para o homem todo”, além de reunir líderes de diversas denominações.
Em entrevista à BBC Brasil, Kivitz considera que, se comprovado que os ataques partiram de evangélicos, esse é o resultado do discurso propagado por “lideranças extremistas”, que frisam o “nós contra eles” em suas pregações, criando um “clima propício para que gente doente, ignorante, mal esclarecida e mal resolvida dê vazão a seus impulsos de violência e de rejeição ao próximo”.
“Me preocupo muito com a questão da intolerância religiosa sim, embora eu ache que no Brasil isso seja muito localizado, e faça parte de um momento, de um recorte de tempo muito específico que estamos vivendo. Não faz parte da índole do povo brasileiro, e nem da índole cristã, quer seja católica ou evangélica, e evidentemente não faz parte da índole do Evangelho”, opinou.
No cenário atual, que muito se discute as exigências dos ativistas gays, o pastor posicionou-se a favor do reconhecimento de direitos LGBT porque entende “que são cidadãos, independentemente da minha concordância com a orientação sexual ou a identidade de gênero que eles têm”.
Queixando-se da mídia, o pastor afirmou que “os movimentos LGBT, por exemplo, são pintados sempre como mocinhos, e os evangélicos todos demonizados como homofóbicos, o que é uma inverdade”.
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Segundo o pastor, “a face evangélica que está exposta para o imaginário coletivo do brasileiro é a face mais grotesca, mais triste, e que não representa a índole da Igreja Evangélica brasileira”, e lamentou que esse lado ofusque o trabalho “ponderado, inclusivo e progressista” de muitos evangélicos.
Kivitz se posicionou contra a redução da maioridade penal e disse que é contra a legalização do aborto, mas se disse “a favor de uma melhor compreensão da legislação em termos de saúde pública e da preservação da mulher”, dois temas que são constantemente alvo de críticas da sociedade.
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