PAZ

 A paz amplamente buscada, ainda que não se tenha sequer noção do modo como há de alcançá-la, quaisquer objetos tão logo são acessados por meio de diferentes canais, trazem à memória o que se lhe possa associar, como, por exemplo: expressões, termos, gestos, pessoas, circunstâncias, reações, eventos. Em uma sociedade cuja maioria de seus integrantes não opõe a menor resistência aos apelos midiáticos, difundidos com o fim de torná-los cada vez mais dependentes dos artifícios oferecidos como proporcionadores da sensação de bem estar, apenas no âmbito físico, sendo instigados a se deixar aprisionar pelos sentidos, a superficialidade e a aparência são tratados inevitavelmente como fator primordial. Em meio às escórias produzidas, instala-se a alienação; o silêncio é rompido pela invasão de sons ensurdecedores; a alma imersa no charco de lodo não consegue reagir aos transtornos, distúrbios e complexos dos quais é assaltada. Devota-se comumente inteiro menosprezo ao ato de se interiorizar, refletir, buscar o autoconhecimento, e sobretudo satisfazer à vontade de Deus. Então, permite-se ser acometido de ansiedade, estresse, depressão, oriundos da demasiada preocupação com a opinião alheia, do anseio por preencher o vazio existencial, da baixa autoestima, da autoimagem distorcida, do desejo de mudar as pessoas, das excessivas autocobranças, do perfeccionismo, da intolerância às frustrações, da necessidade de ser admirado, das fobias, das compulsões, da procrastinação, das comparações com outras pessoas. Há quem seja envolto pelo estado de melancolia e desespero, a ponto de abrigar a insana ideia de atentar contra sua própria vida, esquecendo-se de que, neste exato momento, há inúmeras pessoas lutando para viver.