A caminhada existencial é feita de diferentes momentos e lembranças. Seguidamente recordo de alguém e, em seguida, chega um recado da pessoa ou até mesmo um encontro casual. Ninguém fica no esquecimento, quando habita o coração. As muitas ocupações e as distâncias impedem, sim, que a convivência presencial seja contínua. Mesmo não sendo a mesma coisa, sempre agradeço pelos meios que facilitam e multiplicam as muitas maneiras de estar sintonizados. Os amigos nunca serão inquilinos, pois já fazem parte da própria família. Se existe espaço no coração, passam a fazer parte da vida. Gostar de estar com quem queremos é consenso. Porém, a individualidade precisa ser vivenciada e amada. As trocas afetivas não determinam e nem obrigam estar, diariamente, sob o mesmo teto. Nem todos pensam dessa forma, mas acho interessante a distância, para garantir a autonomia. Uma dose equilibrada de solidão é capaz de fortalecer a união. É evidente que tal posicionamento supõe um grau suficiente de maturidade. Tomar distância não é uma decisão que mereça ser julgada. Pelo contrário, o respeito pelo distanciamento é uma prova de que o amor tudo compreende. Muitas amizades ‘exigem’ presença física diariamente. Com o passar dos dias, o distanciamento pode ocorrer. Afastar-se é uma atitude que pode auxiliar na reflexão e no reposicionamento dos laços afetivos. O problema não está na intensidade da presença física, mas na fragilidade do equilíbrio emocional. Proximidade ou afastamento é uma questão de sustentação do amor.
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