“Mas agora riem de mim os de menos idade do que eu…” (Jó 30:1)
As palavras de Jó nesse trecho revelam não apenas a sua dor, mas a humilhação pública que sofreu. Em meio à calamidade que o atingiu, ele se vê ridicularizado por alguns jovens. Antes respeitado, agora alvo de escárnio, Jó sente o peso da crítica injusta, proferida não em amor, mas em desprezo. E o mais doloroso: vinda justamente no momento de maior fragilidade.
Lidar com críticas é um dos grandes desafios do coração humano. Algumas vêm de quem nos ama, cheias de oração e preocupação piedosa, ditas no recato do amor, no privado, visando à nossa edificação. Essas são instrumentos de Deus para nos alertar e moldar. Outras, contudo, são lançadas como dardos inflamados: públicas, frias, motivadas por qualquer outra coisa, exceto o amor. Tais críticas não edificam, mas ferem; não corrigem, apenas expõem.
Aprendemos com Jó que o primeiro passo é levar toda crítica diante de Deus. Contar a Ele o que foi dito, como foi dito, e perguntar: Senhor, há verdade nisso? Lembre-se de que, mesmo palavras movidas pela imaturidade ou de forma leviana, podem conter alguma verdade sobre nossas vidas; portanto, precisamos levá-las, todas, aos pés de Cristo. O que for verdadeiro, devemos acolher com humildade. O que for falso, devemos lançar fora e orar por quem nos feriu.
O segundo passo é não deixar a crítica se alojar por tempo demais. Críticas não tratadas em oração se tornam raízes de amargura. É necessário espaço para reflexão, sim, mas não alojamento prolongado no coração. As palavras injustas, se não forem colocadas aos pés da cruz, produzirão abatimento e ansiedade por um longo tempo.
Em terceiro lugar, devemos vigiar para não nos tornarmos críticos. Aquilo que hoje nos fere, amanhã podemos repetir. Críticas piedosas devem ser feitas com oração, diretamente à pessoa, em espírito de mansidão, buscando o crescimento e não a exposição. E não compactue com os críticos. Em ambientes presenciais ou nas redes sociais, recuse ser conivente com palavras lançadas ao vento.
Palavras semeadas em desamor e sem sabedoria produzem frutos de destruição. Guardemos nossos corações quanto ao que falamos e ao que ouvimos, com maturidade, mansidão e paz.
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