domingo, 29 de junho de 2025

SENHOR



É importante reconhecer que servir a Cristo não é o mesmo que caminhar com Cristo. Muitos de nós podemos estar intensamente envolvidos em atividades eclesiásticas e missionárias, cumprindo tarefas legítimas e até mesmo abençoadas, mas sem, de fato, estarmos em comunhão com o Senhor. Uma coisa é trabalhar para Ele; outra, mais profunda, é andar com Ele.


O exemplo de Marta e Maria ilustra bem essa distinção (Lucas 10:38-42). Marta estava ocupada com muitos serviços e sua intenção era boa: ela queria que tudo estivesse pronto para Jesus. Preparava a casa, a comida, os detalhes. Era zelosa, aplicada, competente. Porém, sua preocupação com as tarefas a impediu de perceber o essencial. Já Maria sentou-se aos pés do Senhor e ouvia a sua palavra (Lc 10:39). Jesus disse que ela havia escolhido “a boa parte, e esta não lhe será tirada” (Lc 10:42). Isso revela que a prioridade do discípulo é ouvir a voz do Mestre.


Servir é nobre, mas o serviço nunca deve substituir a comunhão. A vida devocional é o alicerce que sustenta a missão. Sem isso, o trabalho se torna mecânico, pesado e, eventualmente, sem fruto duradouro. Como declarou o próprio Senhor: “sem mim nada podeis fazer” (João 15:5). Quando deixamos de estar com Ele, ainda que façamos muitas coisas, perdemos a motivação correta, o rumo certo, e o coração se esfria.


É nesse vazio que muitos conflitos surgem. A raiz de boa parte das dificuldades na vida cristã, na liderança e nos relacionamentos não está apenas em falhas de comunicação ou gestão, mas em problemas espirituais profundos. A Escritura nos alerta: “Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o coração, porque dele procedem as fontes da vida”(Provérbios 4:23). Se o coração está longe de Cristo, inevitavelmente a casa, por mais bonita que pareça, estará vazia de presença e calor.


O mundo precisa de servos que arrumem a casa, sim! Mas que o façam com o coração aquecido pela presença dele, e não com mãos agitadas por ansiedade ou vaidade.



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