quarta-feira, 29 de outubro de 2025

MEMÓRIA

  As lembranças da infância são como raízes que não nos deixam esquecer de onde viemos e quem nos tornamos. Como faz bem ter uma localização afetiva. O lugar onde nascemos e com quem nos criamos são de uma importância peculiar. Precisamos do nosso ontem para nos sustentarmos no hoje e para projetarmos o amanhã. As raízes são o alicerce invisível que sustenta o que somos. Mesmo quando o tempo nos afasta do lugar de origem, é nelas que repousa a essência que nos dá sentido. Negar o passado é negar parte da própria história, é tentar construir algo novo sobre um terreno sem base. A liberdade não está em apagar o que fomos, mas em compreender o que cada experiência deixou em nós. São as lembranças, as tradições e os vínculos que moldam o modo como olhamos o mundo. O que aprendemos na infância, os afetos que nos nutriram, os silêncios que nos ensinaram — tudo isso permanece, mesmo quando a vida nos leva para longe. Quando rompemos com nossas raízes, perdemos também a referência do caminho. É como árvore que tenta viver sem solo: pode até resistir por um tempo, mas logo perde a força. As raízes não nos aprisionam; elas nos sustentam. Dão estabilidade para crescer e segurança para alcançar o alto. Reconciliar-se com o passado é ato de maturidade. É compreender que nem tudo foi fácil, mas tudo foi necessário. É olhar com ternura para as dores antigas e perceber que até elas contribuíram para o que hoje somos. Ser livre é poder escolher o rumo sem medo de olhar para trás. É carregar as raízes como memória viva, não como corrente. O coração que conhece suas origens caminha com firmeza, porque sabe de onde veio e, por isso, entende melhor para onde vai. As raízes não impedem o voo; apenas garantem que ele tenha direção.

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