sábado, 14 de março de 2015

CONSTRUINDO PONTES AO INVÉS DE MUROS

Dois irmãos que moravam em fazendas vizinhas, separadas apenas por um rio, iam se visitar todos os dias à noitinha. As duas fazendas ficavam bem de frente uma a outra, eles podiam se ver, mas a distância não permitia um diálogo a não ser com o esforço de uma caminhada. Cada dia um deles caminha por longo tempo até chegar a uma ponte distante, atravessa-la e caminhar mais um tempo até encontrar-se com o outro irmão em sua fazenda. Ao se encontrarem diariamente à noitinha conversavam muito e depois aquele que foi ao encontro do outro voltava para a sua casa, eles se amavam muito e faziam isso todos os dias. Mas um dia tudo mudou. Entraram em conflito. Foi a primeira grande desavença em toda uma vida de trabalho lado a lado. Mas agora tudo havia mudado. O que começou com um pequeno mal entendido, finalmente explodiu numa troca de palavras ríspidas, seguidas por muito e muito tempo de total silêncio. Eles podiam se ver do outro lado do rio, mas um virava a cara pro outro quando isso ocorria. Numa certa manhã, o irmão mais velho ouviu baterem à sua porta. - Estou procurando trabalho, disse um homem com aspecto de carpinteiro. Talvez o senhor tenha algum serviço para mim. - Sim, disse o fazendeiro. Claro! Vê aquela fazenda ali, além do riacho? É do meu vizinho. Na realidade é do meu irmão mais novo. Nós brigamos e não posso mais suportá-lo. Vê aquela pilha de madeira ali no celeiro? Pois use para construir uma cerca bem alta, assim eu não o verei mais… - Acho que entendo a situação, disse o carpinteiro. Mostre-me onde estão os materiais. O irmão mais velho entregou o material e foi para a cidade. O homem ficou ali cortando, medindo, trabalhando o dia inteiro. Quando o fazendeiro chegou, não acreditou no que viu: em vez de cerca, uma linda ponte foi construída ali, ligando as duas margens do riacho. Era um belo trabalho, mas o fazendeiro ficou enfurecido e falou: - Você foi atrevido construindo essa ponte depois de tudo que lhe contei. Mas as surpresas não pararam ai. Ao olhar novamente para a ponte viu o seu irmão se aproximando de braços abertos. Por um instante permaneceu imóvel do seu lado do rio. O irmão mais novo então falou: - Você realmente foi muito amigo construindo esta ponte mesmo depois do que eu lhe disse. De repente, num só impulso, o irmão mais velho correu na direção do outro e abraçaram-se, chorando no meio da ponte. O carpinteiro que fez o trabalho partiu com sua caixa de ferramentas. - Espere, fique conosco! Tenho outros trabalhos para você, e você poderá morar aqui por quanto tempo quiser até por toda sua Vida, pois eu estava separado do meu irmão, sem Vida e você nos proporcionou nossas Vidas de Volta. E o carpinteiro respondeu: - Eu gostaria muito, mas tenho outras Pontes a Construir, e outras Vidas a Restaurar… Podemos refletir com esta fábula e questionarmo-nos: Qual é o nosso Papel na “Sociedade” em que estamos inseridos? Procuramos construir pontes ou muros

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