quarta-feira, 17 de junho de 2015
POEIRA
“Como um pai se compadece de seus filhos, assim o Senhor se compadece dos que o temem. Pois ele conhece a nossa estrutura; lembra-se de que somos pó.” (Salmo 103.13,14).
Nas notas de rodapé de uma Bíblia de estudo sobre o Salmo 103 encontrei o seguinte: “Os seres humanos são poeira animada. Vida em sua melhor forma é sempre temporária. Como nosso Criador, Deus conhece nossa natureza frágil, nos ama e dá esperança e significado para o nosso limitado tempo na terra.” (Bíblia de estudo do Discípulo, Geográfica Editora, Santo André, SP, 2011, p.739). Quer dizer, Deus tomou o homem do pó da terra, soprou nele sua alma (anima, em latim), e ele se tornou poeira animada. Gostei.
Animação é o processo usado nos filmes de desenho animado que, hoje em dia, com a criação da computação gráfica, pode ser usado até por usuários comuns de computadores pessoais. Nesse processo é criada uma série de desenhos ligados entre si, com pequenas alterações de um para o outro. Quando mostrados a uma velocidade de 16 desenhos por segundo, cria-se a ilusão de movimento. Atualmente é possível encontrar displays de publicidade animados por holografia nos corredores dos supermercados que parecem pessoas reais. Desligado o projetor, desaparece a imagem e vemos apenas uma peça de acrílico transparente.
Sem nunca esperar uma invenção como essa, Eliú, um dos personagens do livro de Jó, disse: “Se ele (o Deus Todo-Poderoso) retirasse para si o seu espírito, e recolhesse para si o seu fôlego, toda a carne juntamente expiraria, e o homem voltaria ao pó.” (Jó 34.14,15). Não somos nada além de pó animado pelo fôlego de Deus. Em seguida aos versículos acima transcritos, o salmista acrescenta: “Já o homem, sua vida é como a erva; ele floresce com a flor do campo. Quando o vento passa, desaparece, e ninguém sabe para onde foi.” (Sl.103.15,16).
Por isso, o mesmo salmista nos convida a louvar ao Senhor, pois é ele quem perdoa nossos pecados, cura nossas doenças, livra-nos da morte, supre-nos de todo bem. Ele não nos trata de acordo com o que merecemos, pois é compassivo e misericordioso; seu amor por nós é tão grande quanto a distância entre a terra o resto do universo. Aliás, é também um amor eterno. Por ter a noção exata da sua fragilidade, é que o Senhor trata aqueles que o temem não apenas como criaturas animadas, mas como verdadeiros filhos.
Por isso podemos chamá-lo de Pai.
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