COBRE

 Não me cobre tanto...

Carrego marcas que o tempo não apagou...

Repare nos meus cabelos:

Ainda estão encharcados...

Venho de tempestades...

Eu sobrevivi aos dias mais difíceis, atravessei desertos, enfrentei tempestades, sobrevivi aos temporais...

Senti meu peito partindo, minha casa desmoronando, meus sonhos sendo levados pela correnteza, mas sobrevivi às enchentes, reconstrui minha morada...

Eu não tinha ideia de minha força, resiliência e persistência, até o dia em que a vida me colocou à prova, me tirou o chão, me tirou o abrigo...

Eu sei que às vezes eu choro e acho que não vou conseguir terminar o percurso, porque, agora, o sol é forte demais... 

E tudo bem chorar, tudo bem, pois até ele (o choro) me dá a noção de estar viva, respirando e sentindo, porque às vezes, eu até esqueço...

Eu perdei alguns pedaços estrada afora, mas sobrevivi aos temporais e, agora, é hora de recomeçar.

E assim eu vou...