O que mais eu poderia falar sobre o amor?
Amamos mesmo antes de conseguirmos explicar como funciona; além disso, nenhuma teoria explicaria os sentimentos da mãe debruçada sobre um berço, do reencontro de amigos separados há muito, do lamento do filho diante do túmulo do pai. E que tal as cartas ridículas entre namorados?
Amar não é um imperativo, mas uma virtude. Os imperativos coagem, mas a virtude de amar nasce da liberdade. O amor guarda um lampejo de eternidade: “O que fazemos por amor sempre se consuma além do bem e do mal”[Nietzsche].
No amor não há lei. Sempre que o amor nascer de um dever, ele se esgota na possibilidade do outro rejeitá-lo.
Portanto, não existe amor sem liberdade. Agostinho sintetizou: “Ama e faz o que quiseres”.
Imaginemos um rei, dono de um harém. Ali ele pode ter sexo com qualquer de suas escravas. No dia, porém, que buscar a reciprocidade da mulher que ama, por mais autoritário que for, o rei terá que cativar a mulher por quem se apaixonou. Para ser correspondido, jamais poderá se impor. Ou o rei se fragiliza ou se verá em relações frias.
Paulo afirmou que o amor tudo sofre e tudo espera. Ao dizermos que Deus é amor fica implícito: a metáfora do Deus impávido em um trono não se sustenta. Jesus o revelou como o amante que espera pacientemente (com lágrimas, muitas vezes) que os amados respondam aos seus acenos.
Deus é feliz e triste porque alguns dizem sim enquanto outros, não à oferta de seu abraço. Amemos. “Todos os que amam são nascidos de Deus”.
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