No meu sofrimento, a lembrança do passado ficou tenebrosa, a vivência do presente, decepcionante e a perspectiva do futuro, angustiada.
esmagou como pedra,
triturou como moinho.
O pior dos consolos foi ouvir: “Deus está no controle”; esse sofrimento é para o seu bem”.
Me tornei ateu desse Deus. Joguei no lixo o Deus supervisor do mal.
Para mim, o “Deus no controle” não passa de um Moloque que gerenciou a Gestapo, condescendeu com a tortura de Pinochet no Chile e cruzou os braços para a carnificina de Ruanda.
O Deus que alguns tratam de Soberano, para mim
não passa de um déspota, elevado à infinita potência.
O Deus da providência do calvinismo
é um malvado, escolado nos manuais de Maquiavel.
Se Deus precisa do mal para cumprir sua vontade, ele não passa de uma divindade que mexe conosco como peões no seu tabuleiro; ele não passa de um frio executor de agendas sórdidas.
Que Deus é esse que precisa, quer, ou deixa acontecer e devido à sua vontade, bilhões acabam
estropiados, degolados, enforcados, linchados,
esfomeados, exilados?
Se, para uma glória maior, Deus condena alguns, então é egoísta doente; se, por amor ao seu nome, manipula, então é mentiroso narcisista; se, por zelo, deixa milhões ao léu, é perverso.
Deixei de adorar o Deus justiceiro que condena em cada pequeno pecado; o Deus calculista que coage com maldição; o Deus espectador como quem assiste a um circo de horrores.
Amo o Deus amor.
Choro e sei que Jesus chora comigo.
Deus tem lágrimas.
Em Gênesis 6.6 diz que a maldade se universalizou e “isso cortou coração de Deus”. Juízes 10.16 fala que a dor de Israel se tornou aguda e o próprio Deus não podia suportá-la. Isaías é enfático (63.9): “Em toda a aflição do seu povo, ele também se afligiu”. Acrescento Ezequiel 6.9. Está escrito que quando Israel fosse levado cativo, “eles se lembrariam do tanto que Deus ficou entristecido”.
Meu Deus chorou muito comigo e eu estou certo de que minhas dores doeram nele.
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