quinta-feira, 21 de maio de 2015
SIMPLESMENTE AMOR
O encantador Salmo 116 comove pelo seu começo, que dá o tom de toda a experiência do poeta: "Amo o Senhor Deus."
Só então ele anuncia as suas dificuldades. O modo como principia mostra que ele enfrenta os seus problemas nas perspectiva da fé, tudo o que ele diz vem desta primeira convicção. Esta é a mensagem central e os versos que se seguem são ilustrações desta paixão.
O poeta ama a Deus em função de quem o Senhor Deus é e por causa de sua experiência com ele. Assim, se não recebe dele o que espera, Deus continua sendo o seu Senhor e ele vai continuar a amar o seu Deus.
Deus não precisa provar que é Deus, ele já o é e assim é amado. Se Deus faz um milagre o poeta o ama, se Deus intervém o poeta o ama, se Deus não resolve o problema o poeta o ama. Porque o ama o poeta oferece sacrifícios de louvor.
Agora atenção! A palavra sacrifício não siginifica propriamente sacrifício. O velho sacrifício era para pagar uma falta cometida. O novo sacrifício, chamado 'sacrifício de louvor', é para agradecer o favor já recebido. O velho sacriício custava algo, dinheiro ou mesmo a morte de um animal. O novo sacrifício custa apenas uma abertura de sorriso de alegria diante de Deus. Nós não precisamos fazer algo para receber algo de Deus. Jesus interrompeu o fluxo do comércio. Nós recebemos sem ter feito algo para receber, porque foi por amor, puro amor.
A nossa maior dificuldade, é que a nossa cultura, cultura universal e atemporal, sempre presente no sentimento básico do ser humano, não nos estimula a amar a Deus. Somos chamados a ter com ele, infelizmente, um relacionamento comercial. Nós fomos ensinados a louvar a Deus Para receber dele o que precisamos. Depois que recebemos, nós o abandonamos. No entanto, o poeta diz, "eu amo o Senhor". Nossa cultura nos estimula a fazer sacrifícios para Deus, pois se o fizermos receberemos dele o que quiremos. Deus assim é um ser estático, sem vontade alguma, como se fosse uma máquina que dispensa refrigerante ou biscoito. Uma máquina destas não ama. Eu não preciso amar uma máquina, eu preciso apenas colocar o dinheiro na fenda certa para sair o produdo. No entanto, o poeta diz: "eu amo o Senhor".
Quem ama, ama até o fim.
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