UMA ODE PARA OS FRACOS

O contraditório filósofo Friedrich Nietzche achava que a ética cristã era a afirmação de uma típica moral de escravos; era a proposta de uma moral que produzia pessoas fracas. É como se os fortes precisassem afirmar sua força, não sua fraqueza. É como se os fortes precisassem viver a sua superioridade, não a sua vulnerabilidade. Uma aplicação feliz deste raciocínio é que, de fato, todos precisamos de uma boa dose de autoestima real, para formular projetos e por os pés na rua para os efetivar. Se não acreditamos que somos capazes, não somos capazes. O resto é máscara, que é boa para os outros, não para nós, quando a usamos. Uma máscara impõe alguma dor a quem molda o seu rosto com ela, porque ela aperta. Quem a usa se sente protegido. Quem a vê se sente desconfortável. Uma máscara pode evitar algo pior, mas nunca proporciona algo efetivamente melhor. Em alguns jogos de futebol, é comum um atleta machucado na altura da cabeça vestir-se de um protetor em forma de máscara. Exaltamos sua coragem, mas desviamos o nosso rosto. Ele mesmo se livra da máscara tão logo possa. Sua máscara é a sua fraqueza. Usar uma máscara ou qualquer outra proteção para uma parte do corpo não é uma afirmação de força, mas de fraqueza. Quando o jogador reconhece sua fraqueza, ele se fortalece colocando o protetor. Eis, portanto, o caminho da vitória. A admissão de nossa fragilidade. Porque somos frágeis e o admitimos, podemos começar a nos fortalecer. Os fracos merecem nossos aplausos. A título de exercício, se nos tocar escolher enfrentar um forte ou um fraco, escolhamos o forte. Nós o venceremos, porque ele não reconhece a sua debilidade. Os fracos, por se saberem fracos, virão mais preparados. Os fracos são fortes porque olham para si mesmos como são. Os fracos são fortes porque sabem que têm uma estrada a percorrer. Os fracos são fortes porque se ajoelham para orar.