quinta-feira, 9 de outubro de 2025

OFERTA

 Muitos se acostumaram a ver o momento do recolhimento de ofertas como se fosse parte da liturgia, isto é, um ato de adoração durante o culto público. Porém, ao examinarmos cuidadosamente as Escrituras, não encontramos qualquer mandamento do Senhor que estabeleça a coleta de dinheiro como elemento de culto. Deus determinou claramente como deve ser adorado: por meio da oração, do cântico de louvores, da leitura e pregação da Palavra e dos sacramentos. Acrescentar qualquer outro elemento é querer ser mais sábio do que Ele.

É verdade que, em um sentido mais amplo, tudo que temos e fazemos deve ser para a glória de Deus (1 Co 10.31). Assim, também nossos bens e o uso do dinheiro devem refletir a piedade. Mas isso não significa que o dinheiro faça parte do culto solene. No sentido litúrgico, não adoramos a Deus com o “vil metal”, mas com os meios espirituais que Ele mesmo ordenou.
Um dos textos mais usados para justificar a coleta de dinheiro durante o culto é 1 Coríntios 16.1–2, onde o apóstolo Paulo escreve:
“Ora, quanto à coleta para os santos, façam também vocês o mesmo que ordenei às igrejas da Galácia. No primeiro dia da semana, cada um de vós ponha de parte, conforme a sua prosperidade, e vá juntando, para que não se façam coletas quando eu chegar.”
Este texto, porém, é frequentemente mal compreendido. Observemos duas coisas absolutamente importantes:
1. A coleta era para os pobres em Jerusalém, não para despesas ordinárias da igreja.
Paulo não estava estabelecendo uma prática litúrgica, mas organizando uma ajuda extraordinária. Era uma contribuição destinada aos santos necessitados, e não uma forma de manter os custos cotidianos da igreja local. A motivação era a comunhão entre irmãos e o socorro aos que sofriam.
2. A coleta não fazia parte do culto solene.
Paulo instrui que cada um deveria “pôr de parte” no primeiro dia da semana, para que, quando ele chegasse, o montante já estivesse separado. Isso significa que a contribuição deveria ser feita antecipadamente e individualmente, não recolhida no meio da assembleia solene. Se fosse um ato litúrgico, Paulo não teria dito que isso deveria ser feito antes de sua chegada.
Portanto, não encontramos na Palavra de Deus qualquer base para fazer do dinheiro um meio de adoração pública. O Senhor não nos chama para louvá-Lo com recursos materiais, mas com “sacrifícios espirituais, agradáveis a Deus por Jesus Cristo” (1 Pe 2.5).
Alguém pode perguntar: “Mas então, como a igreja se sustentará? Como teremos recursos para manter as reuniões e os ministros?”
A resposta é clara: os crentes devem, sim, ser responsáveis e generosos, contribuindo segundo as suas posses (2 Co 9.7). Contudo, isso deve ser feito em momento apartado do culto solene, como muitas igrejas praticam de forma ordeira e bem-sucedida. Assim, há provisão para a congregação sem que o culto seja corrompido com elementos que o Senhor não ordenou.
Confiemos, portanto, na providência de Deus, sustentando a Sua igreja de modo responsável e fiel, mas adorando-O somente com aquilo que Ele estabeleceu. O Pai não busca adoradores que Lhe tragam moedas e cédulas durante a assembleia, mas adoradores que O adorem “em espírito e em verdade” (Jo 4.23-24).

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