quinta-feira, 6 de março de 2025

JULGAR

Convivência é fonte de felicidade, mas não deixa de ser um grande desafio. Ninguém foi feito para a solidão. Porém, nem todos estão preparados para conviver. A maior parte dos nossos problemas está relacionada com o uso inadequado das palavras, com diferentes pontos de vista e até com a questão da tonalidade da voz. É fácil olhar para alguém e enxergar apenas a superfície: o jeito como fala, como se veste, como se comporta. Mas, por trás de cada pessoa, há histórias não contadas, dores silenciosas e desafios diários que, muitas vezes, nem imaginamos. O ser humano tem o hábito de julgar pelo que vê, esquecendo-se de que ninguém é apenas o que mostra. Cada um de nós carrega batalhas invisíveis, preocupações que não compartilha, cicatrizes que aprendeu a esconder. Talvez aquela pessoa que hoje parece distante esteja enfrentando uma dor que não consegue expressar. Assim como o gesto ríspido de alguém seja apenas um reflexo do cansaço que a vida lhe impôs. Nem sempre o que parece grosseria é falta de educação. Às vezes, é apenas um pedido silencioso por compreensão. Mas, no turbilhão do cotidiano, esquecemos de oferecer aquilo que gostaríamos de receber: um olhar mais generoso, uma palavra que acalma, uma paciência que acolhe. A empatia não exige que saibamos exatamente o que o outro está passando, mas que reconheçamos que ele, assim como nós, também enfrenta dias difíceis. Não é preciso entender tudo, mas é preciso respeitar. Quando olhamos para alguém com compaixão, sem pressa de julgar e com disposição para acolher, algo dentro de nós também se transforma. As relações se tornam mais leves, as conexões mais verdadeiras, e a vida, mais humana. Que hoje possamos fazer um exercício simples, mas transformador: olhar o outro com mais bondade, com mais paciência, com mais presença. Porque, no fim das contas, ninguém atravessa a vida sozinho, e um gesto de compreensão pode ser a luz que alguém precisa para continuar. 

 


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