sexta-feira, 4 de julho de 2025

ATO


  Lidar com as consequências parece não ser a nossa especialidade. Nenhum ato e nenhuma palavra é inocente. Nossos textos e nossas ações acontecem dentro de um contexto. A qualidade da semente garantirá os frutos. Creio que o caminho será longo, pois a superficialidade não nos dá bagagem para lidar com as consequências. Com certeza, a vida não silencia o que fazemos. Cada gesto, palavra, escolha ou omissão se inscreve na história e, com o tempo, volta ao nosso encontro. As consequências não pedem licença, apenas chegam. Algumas vezes com doçura, outras com um amargor inesperado. Mas sempre carregam a marca exata daquilo que foi semeado. Não se trata de castigo ou recompensa. Trata-se de coerência. Ninguém planta silêncio e colhe diálogo. Ninguém rega desatenção e colhe cuidado. O universo tem seus próprios meios de devolver o que oferecemos, mesmo quando esquecemos o que entregamos. É nesse banquete da vida que se revelam os sabores das nossas decisões. E por mais que tentemos justificar ou adiar, ele sempre acontece. Às vezes, ele chega no reencontro com alguém, no desfecho de uma história, na calma ou na inquietação que se instala sem motivo aparente. O tempo, com sua sabedoria incontornável, traz tudo de volta, mas jamais da mesma forma. E é esse retorno que nos amadurece. Quando se compreende a verdade das consequências, o presente se torna mais sagrado. Passamos a medir melhor as palavras, a escolher com mais consciência, a viver com mais responsabilidade. Porque a vida, mesmo nas surpresas, respeita o que fomos. E diante do banquete que nos é servido, resta-nos aprender. Comer com humildade os frutos amargos e saborear com gratidão os doces. Afinal, crescer também é aceitar o cardápio da própria história. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

OBEDIÊNCIA

  A mãe e os irmãos de Jesus foram vê-lo, mas não conseguiam aproximar-se dele, por causa da multidão. Alguém lhe disse: “Tua mãe e teus irm...