quarta-feira, 30 de julho de 2025

PERTENCER

 Continuamente somos convocado à empatia. Há uma insistência que faz abraçar a solidariedade e, assim, compreender e amenizar a dor do outro. Porém, é preciso um pouco de atenção, pois a vida acontece num constante encontro e desencontro com o outro, num entrelaçamento de histórias e emoções que acabam influenciando profundamente nossa maneira de sentir e de enxergar o mundo. Por vezes, carregamos dentro de nós pesos que não nos pertencem, tristezas que absorvemos silenciosamente, ansiedades e dores que, na realidade, são ecos dos que estão à nossa volta. Não poucas vezes, percebemos que nossa alegria foi roubada por sentimentos que nem conseguimos explicar direito. Como um espelho, refletimos emoções externas que se tornam confusas dentro de nós, deixando o coração inquieto e carregado. É nesse instante que devemos despertar e fazer uma pausa para perguntar: “isso que estou sentindo realmente é meu?” Essa reflexão é um ato libertador, uma oportunidade para deixar ir o que não nos pertence, abrindo espaço para acolher com mais clareza aquilo que, verdadeiramente, habita nosso interior. Cuidar da saúde emocional significa também entender que somos responsáveis apenas pelos sentimentos que geramos e nutrimos voluntariamente, e não por aquilo que absorvemos inconscientemente das circunstâncias e das pessoas ao nosso redor. Ao adquirir consciência dessa verdade, conseguimos nos proteger melhor emocionalmente, preservar nosso equilíbrio interior e viver com mais leveza e autenticidade. Sentimentos são como visitas: podem passar pela nossa casa, mas não precisam morar conosco. Que sejamos capazes de abrir as janelas da alma para deixar sair aquilo que não é nosso e acolher com ternura o que verdadeiramente nos constitui e nos fortalece. Ao aprender a selecionar o que fica em nosso coração, vivenciamos uma existência mais harmoniosa e leve, plenamente alinhada com quem realmente somos.

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