quarta-feira, 16 de julho de 2025

NINHO


 

 Me encanto com o ninho do beija flor, com a arquitetura da casa do João de barro, com o ninho das galinhas e tantos outros. São muitas as espécies que constroem admiráveis ninhos. Na infância, minha diversão era encontrar os ninhos das galinhas. Quando encontrava, uma verdadeira festa acontecia. O ninho do beija flor é miúdo, mas feito com uma criatividade incrível. Quanta dedicação na construção do espaço da vida. Nem todas as aves podem voltar aos seus ninhos, pois eles deixam de existir, depois que levantam voo. Com os humanos, a dinâmica é outra, ainda bem. Voltar ao ninho tem sido algo cada vez mais frequente, mesmo que seja somente para uma visita ou para reencontrar o aconchego. Afinal, liberdade não exclui afeto, nenhum voo anula necessidade de abrigo. Há um tempo de alçar os céus, de explorar horizontes, de descobrir do que somos feitos. Mas também há o tempo de voltar, de ser acolhido, de aquecer as próprias fragilidades num canto seguro. Criar asas é um feito nobre, mas reconhecer a importância do ninho é sabedoria que o tempo ensina. Somos feitos de movimento, mas também de vínculos. Há dias em que tudo em nós deseja sair, conquistar, expandir. E há outros em que o silêncio do lar, o olhar familiar, o simples cheiro de um lugar conhecido bastam para restaurar a alma. A maturidade não está em escolher entre voar ou permanecer, mas em compreender que ambas as dimensões são necessárias. Um coração que só voa cansa. Um que só repousa, se apaga. Por isso, é tão bonito quando conseguimos equilibrar essas duas forças que nos habitam. As asas nos levam, o ninho nos sustenta. E cada volta, ainda que breve, renova a força do próximo voo. Assim seguimos, entre o impulso do céu e a ternura da terra, inteiros e em paz. Voar é um desejo legítimo, mas há algo de profundamente humano na vontade de pousar. 

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