O contato com diferentes públicos pode favorecer o entendimento do que teremos pela frente, nos próximos tempos. Sempre gostei da palavra ‘tendência’, pois nela temos um indicativo dos próximos desdobramentos. A opção pelo individualismo, isto é, pensar só em si mesmo, já está rendendo frutos, pois não é baixo o número de pessoas enfrentando a solidão. A presença física não basta quando o afeto está distante. Sentar-se à mesa, dividir o mesmo teto, partilhar a rotina sem que haja encontro real é uma ferida que não grita, mas corrói. A solidão acompanhada tem um peso estranho: ela confunde, desgasta e silencia. Quem está verdadeiramente só pode encontrar algum conforto na solitude, redescobrir a si mesmo, reconstruir sentidos. Mas quem está cercado e ainda assim se sente ausente experimenta um tipo de abandono que não tem explicação imediata. O toque que não acolhe, a conversa que não escuta, o olhar que não enxerga. Tudo isso fere com uma delicadeza cruel. O humano precisa de mais do que companhia, precisa de conexão. A alma reconhece quando é vista, quando é acolhida, quando é aceita sem disfarces. Não se trata de quantidade de pessoas ao redor, mas da qualidade da presença. Há abraços que curam, palavras que acendem, silêncios que acompanham. Estar verdadeiramente com alguém é dividir o interior, não apenas o espaço. Talvez por isso tanta gente escolha o recolhimento, não por desistência, mas por respeito a si mesmo. Melhor o silêncio verdadeiro do que o ruído de uma presença vazia. A verdadeira companhia é aquela que não exige máscara, que não cobra perfeição, que permanece mesmo quando tudo está em ruínas. Quando o outro vira casa e não vitrine, o coração deixa de vagar. Comunhão de vidas é algo a ser pensado.
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