Vivemos numa sociedade onde uma parcela da população é praticamente invisível. Não são poucos os que vivem sem dignidade por faltar o essencial. Entre tantos trabalhos e projetos, me sinto feliz dando comida aos famintos. Mas eles têm muitas outras fomes, não somente a necessidade de alimentos. O ser humano carrega consigo a fome de paz, de justiça, de amor, de reconhecimento, de afeto e tantas outras. Seguidamente nos deparamos com um termo que sinaliza o desenvolvimento: a inovação. Para além dos negócios precisamos fazer acontecer a inovação social, que garantirá pão em todas as mesas. Quando doamos um agasalho ou alcançamos um alimento estamos realizando uma inovação social. É evidente que a questão é mais complexa, pois precisamos de estruturas inovadoras. A vida não tem pressa, mas também não desiste. Quando o olhar é estreito e o coração ainda não aprendeu a se abrir, ela encontra modos de alargar a alma. De um jeito ou de outro, acabamos sentindo o que antes não compreendíamos. E é nesse sentir que o julgamento perde força e a empatia ganha espaço. Muitas vezes, as dores alheias parecem distantes até que se tornem nossas. É ali, na experiência que nos surpreende, que a compreensão se torna real. Não é punição, é crescimento. A vida quer nos ensinar que cada pessoa carrega em silêncio uma história que não se vê. E quando finalmente conseguimos escutar com o coração, algo dentro de nós muda. As palavras se tornam mais leves, os gestos mais humanos, os olhos mais atentos. Colocar-se no lugar do outro é deixar de olhar de cima, é encontrar um modo mais sincero de estar no mundo. Nem sempre conseguimos isso de imediato, mas a vida é paciente e, ao mesmo tempo, firme. Vai nos moldando aos poucos, como quem sussurra com firmeza: só entende o outro quem também se reconhece frágil. Colocar-se no lugar do outro é o melhor jeito para sentir-se plenamente humano.
Nenhum comentário:
Postar um comentário