Religiosos falam da “salvação da alma”. Existe nessa pregação uma vontade enorme de preparar pessoas para a vida depois do túmulo. Sinto o contrário: que o Evangelho tem como urgência pregar sobre o aqui e o agora.
A mensagem do Evangelho não visa fornecer um mapa que alguém carrega debaixo do braço que o guiará nos becos do além.
Jesus não desencarna pessoas, mas as integra na vida; não as torna angelicais, mas as humaniza; não arremete ninguém para a estratosfera espiritual, mas as planta no chão existencial.
Os mais espirituais não se transformam em Titãs, mas em humanos, demasiadamente humanos.
O que se deve considerar uma pessoa espiritual? Seria alguém sensitiva, que percebe melhor o mundo etéreo? Não. Espiritualidade se liga às dimensões mais simples da vida. Os mais espirituais encaram a existência com suas inadequações e sabem que errar e pecado não são iguais. Celebram a beleza de viver apesar de tanta maldade. Encaram-se no espelho quando angustiados, mas não esfolam a alma na lixa da culpa; se abatidos, não fogem da trágica sina que sofrer alcança todos nós, os mortais. Em suma: vamos aprender a viver enquanto temos tempo?
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