O livro de Jonas termina com uma pergunta que ressoa como um eco da graça divina: “E não hei de eu ter compaixão da grande cidade de Nínive, em que há mais de cento e vinte mil pessoas que não sabem discernir entre a mão direita e a esquerda, e também muitos animais?” (Jn 4:11). Que declaração de amor! Que revelação do coração compassivo do nosso Deus!
Enquanto Jonas via apenas um povo cruel, violento e opressor, Deus via pessoas. Seres humanos criados à Sua imagem e semelhança. Vidas que, embora profundamente marcadas pelo pecado, ainda podiam ser alcançadas pela misericórdia. Homens e mulheres. Crianças e anciãos. Perdidos, sim, mas ainda resgatáveis.
Jonas desejava justiça. Deus oferecia compaixão. O profeta olhava para os pecados. Deus olhava para os corações. Jonas queria a destruição de Nínive. Deus queria a sua transformação. Onde Jonas via um povo inimigo, o Senhor via uma multidão à beira do abismo, carente de arrependimento, sedenta por redenção.
A pergunta de Deus a Jonas é também dirigida a nós. Como temos olhado para aqueles ao nosso redor? Vemos tão somente suas falhas, seus erros e suas feridas abertas? Ou conseguimos ver o potencial da graça de Deus para restaurar, curar e transformar essas vidas? Somos rápidos em julgar ou prontos a interceder?
Este é o coração missionário de Deus. Ele não se limita às aparências. Ele não desiste daqueles a quem ama. Ele vê com olhos eternos, não apenas o que a pessoa é hoje, mas o que pode ser, pela obra regeneradora do Espírito. Deus vê a alma cansada, o clamor abafado, o vazio que grita por sentido e perdão.
Precisamos orar pedindo que o Senhor nos dê olhos como os dEle. Que saibamos amar mesmo os que nos ferem, esperar mesmo pelos que resistem, e pregar aos que rejeitam. Que tenhamos compaixão pelas cidades, pelos povos e pelas famílias.
Deus vê com misericórdia. Aprendamos a ver também. Que o Senhor nos transforme, para que sejamos semelhantes ao Seu coração.
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