Se anunciar o evangelho é um dos nossos maiores privilégios, é também um dos maiores desafios. Existem barreiras profundas à evangelização que precisam ser discernidas e vencidas.
A primeira é a má compreensão da natureza do evangelho. Sob a influência liberal da segunda metade do século passado, muitos passaram a interpretá-lo por lentes sociológicas, confundindo o evangelho com a própria igreja. Assim, evangelizar se tornou proclamar a comunidade dos redimidos em vez de proclamar o Redentor. Falou-se mais dos cristãos do que de Cristo; mais das obras da igreja do que da obra da cruz; mais dos heróis da fé do que do Nome que está acima de todo nome. Devemos lembrar que o evangelho é Jesus Cristo. Se lhe fossem dados apenas cinco minutos para anunciar as boas-novas, conte a história de Jesus nas Escrituras Sagradas.
A segunda barreira é a falta de santidade. No Salmo 51, Davi clama: “Cria em mim, ó Deus, um coração puro e renova dentro de mim um espírito inabalável” (v.10). Ele compreende que somente o coração limpo pode ensinar aos pecadores o caminho do Senhor (v.13). A santidade não é ornamento, mas fundamento da evangelização, pois alinha nossa visão de mundo com a vontade de Deus e torna a vida coerente com a mensagem. Não há verdadeira evangelização quando as palavras caminham em direção oposta à conduta. O testemunho santo abre portas que nenhum discurso sozinho conseguiria abrir.
A terceira barreira é a timidez espiritual. Curiosamente, não está ligada ao temperamento, mas à realidade espiritual. Paulo, o destemido apóstolo, pediu aos efésios: “Orem também por mim, para que, no abrir da minha boca, me seja dada a palavra, para, com intrepidez, fazer conhecido o mistério do evangelho” (Ef 6:19). A ousadia não nasce da autoconfiança, mas da ação de Deus. Precisamos orar mais para evangelizar mais.
Nenhum comentário:
Postar um comentário