Morte é desapego.
Eu vou ser duro nesse texto, mas não se atenha a sua sensibilidade e sim à mensagem que trago nesse momento.
É óbvio que ninguém espera a morte, nem a nossa, nem a do outro. Caso contrário não viveríamos a vida, mas morreríamos diariamente.
A verdade é que diariamente estamos mais próximos de deixar esse plano ou de ‘perder’ alguém antes, pois a morte é mesmo estúpida, chega no meio dos nossos planos.
Planos.
Aquela viagem, os filhos que não cresceram, o bolo que guardamos na geladeira, a briga que tivemos de manhã, o silêncio que escolhemos em vez de dizer aquilo que estava preso na garganta.
Os nossos sonhos.
Mas e se nada fosse ‘nosso’?
E se ao invés de construirmos um castelo de areia para chorar quando a onda chegar a gente simplesmente construísse um castelo para a onda levar?
Percebe a diferença?
O castelo construído com medo da onda é um castelo repleto de planos, de necessidades futuras, de felicidade programada para enquanto a onda não chegar; é um castelo frágil, melancólico, está sempre sentindo falta de algo que ainda não veio ou não aconteceu.
O castelo construído para a onda é um castelo repleto de magia e contentamento, gratidão e entusiasmo, um castelo presente, que pode a qualquer momento se dissipar... ele ensina e acolhe e mostra que o importante é aquilo que fica; sempre, aquilo que resta, que soma, que une, que transforma... não importa por quanto tempo físico isso possa durar.
O castelo construído para a onda não sabe do tempo. Não conta o tempo. Ele existe no agora.
Amanhã, quem sabe?
Estamos todos construindo um castelo que a onda vai levar, sem diferença.
A felicidade não é o castelo, mas a areia entre os dedos, o vento no cabelo, o cheiro do mar... A onda é a morte e o renascimento. O vazio que ela deixa na areia é uma nova chance de recomeçar. As mãos que constroem novos castelos são Deuses e Deusas capazes de construir novamente conscientes de que o castelo não é seu e de que tudo aquilo que existe é o momento presente.
Viver é descobrir o eterno desse momento.
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