quinta-feira, 28 de agosto de 2025

NEGRO

 Pessoas negras não devem abandonar sua identidade quando assumem a vida cristã.

A fé em Cristo nunca foi sinônimo de perda cultural, mas, ao contrário, pode ser um espaço de reafirmação da negritude e de suas raízes históricas.
O exemplo do etíope na bíblia nos mostra isso, ele não precisou abrir mão de sua origem africana para se tornar seguidor de Jesus.
A conversão não o exigiu apagar-se, mas sim encontrar em Cristo a plenitude de sua existência.
Essa narrativa nos inspira a compreender que a fé cristã não é incompatível com a identidade negra, antes, pode ser vivida em diálogo com os valores civilizatórios africanos, como a coletividade, a solidariedade, o respeito aos ancestrais e a centralidade da vida.
É necessário reconhecer que no Brasil o cristianismo foi, muitas vezes, instrumento de dominação colonial.
A fé foi imposta como ferramenta de silenciamento das culturas indígenas e africanas.
Contudo, ao longo do tempo, homens e mulheres negras ressignificaram o Evangelho, apropriando-se dele a partir de suas vivências e transformando-o em força de resistência e libertação.
Essa percepção nos leva a romper com a ideia de que o cristianismo é “propriedade” dos colonizadores.
O Evangelho nasceu no Oriente, atravessou a África e chegou aos povos de diferentes culturas muito antes de se tornar religião hegemônica no Ocidente.
Portanto, ele já fazia parte da história negra e indígena, mesmo que apagada pelos discursos coloniais.
Reconhecer isso é um ato de libertação.
Significa afirmar que a fé em Cristo não precisa reproduzir a lógica da branquitude que exige assimilação e negação da própria cor.
Ao contrário, a mensagem de Jesus convoca cada povo a segui-lo a partir de sua identidade, de sua língua, de seus ritmos e modos de ser.
Para o povo negro, isso implica viver o Evangelho sem abrir mão de sua ancestralidade, de seus símbolos, de sua história de luta e de sua beleza cultural.
Fé e identidade caminham juntas.
O Evangelho não apaga a negritude, ele a ilumina, fortalece e dignifica.

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