“Revesti-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e amados, de ternos afetos de misericórdia, de bondade, de humildade, de mansidão, de longanimidade” (Cl 3:12).
A compaixão não é um sentimento passageiro, mas uma disposição profunda do coração que se inclina ao outro com misericórdia. Pode ser entendida como fruto de outras virtudes combinadas, como a misericórdia, a bondade e, sobretudo, o amor. Ter compaixão significa enxergar a dor do próximo e mover-se em sua direção com interesse verdadeiro e amor prático.
O maior exemplo é o Senhor Jesus, pois “vendo Ele as multidões, compadeceu-se delas, porque estavam aflitas e exaustas, como ovelhas que não têm pastor” (Mt 9:36). Sua compaixão nunca se limitava ao olhar. Tornava-se ação concreta: Ele ensinava, anunciava o evangelho do Reino e curava os enfermos. Cada gesto de Cristo mostrava que compaixão é movimento em favor do outro.
Essa virtude é essencial para a missão. Os que ainda não conhecem o Redentor não precisam apenas de discursos eloquentes, mas de pessoas que caminhem até eles e se tornem bênção em suas vidas. A Palavra nos ordena: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Mc 12:31). Nem todos são nosso “próximo” em termos de alcance e possibilidades, pois somos limitados. Porém, cada um possui aqueles que o Senhor coloca ao seu lado: familiares, amigos, irmãos da igreja, colegas de trabalho, vizinhos ou mesmo povos distantes que se tornam próximos por meio de conexões, informações ou projetos missionários.
Famílias compassivas transformam-se em refúgios de graça, onde pais e filhos aprendem o caminho da paciência e do perdão. Igrejas compassivas tornam-se testemunho vivo do evangelho, comunidades acolhedoras que, além de anunciarem a verdade, estendem a mão ao aflito e necessitado. Corações compassivos produzem serviço, reconciliação e esperança, iluminando o mundo em meio à dor.
Se a missão é anunciar Cristo, ela passa necessariamente pela compaixão. Sem ela, a proclamação se torna fria e mecânica. Com ela, o anúncio é vivo, pois expressa o caráter do próprio Senhor. O missionário, o pregador, a família cristã e cada discípulo de Jesus precisam desse coração inclinado a ver, ouvir e servir ao outro.
Que nossas vidas, nossas famílias e nossas igrejas sejam marcadas pela compaixão. Onde ela floresce, Cristo é refletido; e onde Cristo é refletido, a missão é cumprida para a glória de Deus.
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