A finitude é algo que instiga a reflexão. Sem ser melancólico, convém pensar sobre a quantidade de tempo que ainda dispomos. A longevidade dá bons sinais de que temos ainda bastante tempo. Porém, não podemos nos iludir: o tempo vai se esgotando, com o passar dos dias. Por mais que nos esforcemos em viver bem cada momento, um dia chegaremos ao último momento. Ainda bem que a eternidade nos habita e nos permite pensar e sonhar para além do tempo. Sim, existe algo de sagrado na percepção do tempo. Ele não para, não volta e não espera. Cada amanhecer é uma nova oportunidade que não se repetirá da mesma forma. E por mais que isso possa nos assustar à primeira vista, também nos revela um caminho: é preciso valorizar o agora como o bem mais raro que temos. Quando compreendemos que o tempo é finito, passamos a escolher com mais sabedoria onde colocamos nossa energia, nossa atenção e nosso afeto. As prioridades mudam. Aquilo que antes nos roubava horas preciosas deixa de fazer sentido, e o que realmente importa se destaca com nitidez: os afetos verdadeiros, os momentos simples, a paz interior, a presença real. Começar cada novo dia com essa consciência é um gesto de respeito com a própria existência. Não se trata de correr para fazer tudo, mas de fazer com alma aquilo que realmente nos constrói. A correria do cotidiano costuma nos distrair, fazendo parecer que temos tempo de sobra. Mas basta um breve silêncio para perceber que os dias passam com uma rapidez serena e certeira. Saber disso é um chamado à leveza, à verdade, à presença. Que neste momento existencial o coração desperte para a preciosidade do tempo que nos foi confiado. Que possamos vivê-lo com gratidão e inteireza, escolhendo caminhos que façam sentido, palavras que acolham, silêncios que acalmem e encontros que deixem marcas de luz. Porque, no fim das contas, o que permanece não é quanto tempo tivemos, mas como o vivemos, pois a vida é maior que o tempo.
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