quarta-feira, 6 de novembro de 2024

PARADOXO

 Só temos consciência do belo quando conhecemos o feio. Só temos consciência do bom quando conhecemos o mau. E por que? Ora, é que o ser e o existir se engendram mutuamente. O fácil e o difícil se completam. O grande e o pequeno são complementares. O alto e o baixo formam um todo. O som e o silêncio formam a harmonia. O passado e o futuro geram o tempo… Desse modo, esta é a razão pela qual o homem de fé age pelo são-agir. Ele sabe que nele tudo realiza algo, se seu ser existir na quietude da confiança. Desse modo, ele também ensina sem muito falar. E muito realiza sem nenhuma agitação. Esse ser da fé aceita tudo que lhe acontece sem estoicismo e também sem amargura. Desse modo, ele produz muito e não fica com nada para si como bem pessoal. “Nada tendo, mas enriquecendo a muitos!”—como disse Paulo. Sim, o homem de fé, em tudo o que realiza, nada considera seu. Ele pode fazer até quase tudo, mas não se apaga à sua obra. Sim, ele não se prende aos frutos da sua atividade. Termina a sua obra e está sempre no princípio. Sempre no início, e nunca acaba nada, e nem tenta, pois sabe que todas as coisas que merecem ser, elas próprias existirão como bem. Esta é a razão pela qual a sua obra prospera na simplicidade, e dá muito fruto, a maior parte das vezes em silêncio, e sem alarde. Desse modo, o homem de fé não se torna vítima de seus próprios feitos! Aos seus amados, Ele o dá enquanto dormem! 

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