Os livros têm capítulos, o planeta é visitado pelas estações. Dia e noite intercalam descanso e ação. A vida, por sua vez, acaba acolhendo e tendo que administrar diferentes ciclos. Claro, não podemos esquecer que um dia teremos que ir embora. A existência, porém, não é linha reta, mas movimento circular, feito de inícios e despedidas, encontros e ausências, risos e lágrimas. Nada permanece para sempre, e justamente aí reside a beleza da existência. Quando resistimos às mudanças, o coração se enche de ansiedade, como quem tenta segurar água nas mãos. Mas quando aprendemos a perceber que tudo tem seu tempo, o peso se transforma em leveza. Há ciclos que chegam trazendo frescor, como a primavera que colore o campo. Outros vêm como inverno rigoroso, pedindo recolhimento e silêncio. Ambos são necessários, porque cada um tem algo a ensinar. O segredo é não lutar contra o fluxo, mas acolher o que vem e deixar ir o que precisa partir. Esse entendimento traz serenidade. A paz nasce quando não exigimos eternidade do que é passageiro. O amor, por exemplo, floresce em ciclos, transformando-se ao longo dos anos; a amizade, às vezes, se reinventa; o trabalho muda; até o corpo passa por fases. Em cada mudança, há oportunidade de crescimento, de aprendizado, de aprofundamento. A vida não perde valor quando algo termina. Ao contrário, é justamente na consciência da transitoriedade que descobrimos o quanto cada instante é precioso. Estar em paz com os ciclos não significa indiferença, mas confiança. É saber que cada chegada traz consigo uma dádiva, e cada partida deixa uma lição. O coração amadurece quando não se desespera diante das despedidas, mas reconhece nelas a continuação do movimento. Os dias da semana, com suas marcas de travessia, tornam-se oportunidades para refletir sobre isso. Talvez haja algo em nossa vida pedindo acolhida e algo pedindo liberdade. Saber ouvir esses sinais é sabedoria que liberta. Porque viver em paz não é ter controle sobre os ciclos, mas aprender a dançar com eles, confiando que todos conduzem para um bem maior.
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