quarta-feira, 24 de setembro de 2025

GERAÇÃO

 Uma das práticas da carne que mais ganham espaço em nossa geração são os falatórios inúteis. Pelo desenvolvimento dos meios virtuais de comunicação, bem como da cultura do discurso, há uma enxurrada de palavras soltas ao vento em toda parte, e parece que todos querem se posicionar sobre tudo. Como se não bastasse, exigem que outros também o façam. Esse ambiente, saturado de opiniões, facilmente se torna terreno fértil para a soberba, a ira e os conflitos pessoais.

Na carta a Timóteo, Paulo destaca esse assunto de forma variada. Ele alerta contra as “fábulas e genealogias sem fim, que promovem discussões” (1Tm 1:4), chama a atenção para a “loquacidade frívola” daqueles que se perdem em falas vazias (1Tm 1:6), exorta a rejeitar “as fábulas profanas” (1Tm 4:7) e denuncia os que têm “mania por questões e contendas de palavras”, de onde procedem inveja, difamação e suspeitas malignas (1Tm 6:4-5). Ao final da carta, conclui pedindo: “Evita os falatórios inúteis e profanos” (1Tm 6:20).
Devemos compreender que há espaço e necessidade para o cristão se posicionar, falar o que pensa e crê, e entrar em diálogo ou debate com outros. A própria fé exige confissão, defesa e proclamação, e a conversa, ou mesmo o debate, é um espaço útil na busca de relacionamentos íntegros e testemunho cristão. O alerta do apóstolo, porém, é para fugirmos das conversas que são vazias, apenas um “bate-boca” inútil, com palavras que não edificam e que desprezam o amor e a mansidão. Portanto, ele condena as conversas alimentadas pelo orgulho, que buscam humilhar o outro, carregadas de vaidade e malícia.
Somos chamados a discernir. Nem todo debate é inútil, mas todo falatório inútil é perigoso. O cristão jamais deve negar a verdade, mas sim evitar que sua voz se perca em ruídos de vaidade e reações que visam apenas “dar o troco”. O bom combate é travado com a espada do Espírito e não com a língua ferina. Há palavras que constroem e há palavras que destroem. Há diálogos que iluminam e há discursos que obscurecem.
Chama a minha atenção que o apóstolo alerta Timóteo contra aqueles que têm “mania por questões e contendas de palavras”. A expressão “mania” é semelhante à obsessão, e fala daqueles que estão sempre chamando outros para a briga. Fuja deles!
Precisamos avaliar nossas conversas, seja no círculo íntimo, seja nos espaços virtuais. Que nossas palavras não se somem ao barulho vazio, mas reflitam a sabedoria do alto, que é pura, pacífica e cheia de misericórdia (Tg 3:17). Fugir dos falatórios inúteis é guardar o coração, proteger a igreja e honrar o Senhor. Que, diante de tantos ecos vazios, sejamos voz de graça, verdade e edificação.

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