Um dos grandes males deste século é o descontentamento. Ele cresce silencioso e penetra fundo na alma, alimentado pela comparação constante, pelas exigências irreais e pela ilusão de que a felicidade depende do que ainda não temos. Vivemos numa era em que tudo estimula a insatisfação: mais consumo, mais reconhecimento, mais conquistas. O coração, porém, não encontra descanso ao ter “mais”, mas ao ter Cristo.
Paulo escreve a Timóteo: “Tendo sustento e com que nos vestir, estejamos contentes” (1Tm 6:8). O apóstolo não romantiza a vida, nem nega as necessidades humanas. Ele reconhece que precisamos do básico para viver. Contudo, coloca diante de nós uma lição profunda: o contentamento não nasce da abundância, mas da confiança. É a certeza de que Deus cuida de nós e nos concede exatamente o que precisamos.
O descontentamento é perigoso porque rouba a gratidão, abafa a fé e fragiliza a esperança. Ele abre caminho para a murmuração, a competição, a inveja e a cobiça. A alma descontente não enxerga o que tem, apenas o que falta.
Fugir do descontentamento é escolher um outro olhar. É exercitar a gratidão em meio às faltas, dizendo como Paulo: “Aprendi a viver contente em toda e qualquer situação” (Fp 4:11). É viver na simplicidade, sem que o coração se torne escravo do acúmulo. Há muitas áreas da vida em que o descontentamento busca espaço para se instalar. Duas delas são as questões ligadas à provisão e à saúde.
Contentamento na provisão de Deus significa valorizar o cuidado do Senhor nas grandes e pequenas coisas. Reconhecer que o pão de hoje é dádiva do Pai. Agradecer pelo que temos, mesmo quando parece limitado. Jamais se comparar com outros. Alegrar-se no Senhor, e não nas circunstâncias.
Contentamento na saúde significa agradecer ao Senhor pela vida. Em meio a momentos de saúde e força, reconhecer a bondade do Senhor; e, em momentos de enfermidade e abatimento, saber que a Sua presença e graça superam qualquer vale escuro.
Devemos perguntar se o descontentamento tem se alojado em nossa vida. Talvez no trabalho, por desejar sempre mais reconhecimento. Talvez na família, por esperar um destaque pessoal ou receber o que ela não pode dar. Talvez no coração, por comparar-se com outros. O chamado bíblico é claro: fuja do descontentamento. Ele destrói a alegria e ataca a nossa fé.
Que nossa oração seja simples e sincera: “Senhor, dá-me hoje o pão de cada dia e um coração satisfeito em Ti”. Pois quem tem Cristo já possui tudo o que precisa.
FUJA
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